segunda-feira, 8 de junho de 2015

Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: A Homossexualidade sempre foi usada para aliciar e...

Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: A Homossexualidade sempre foi usada para aliciar e...: A Homossexualidade sempre foi usada para aliciar espiões. Macaroni - Na Inglaterra dos meados do século 18 era um sujeito jovem e e...

A Homossexualidade sempre foi usada para aliciar espiões.

A Homossexualidade sempre foi usada para aliciar espiões.


Macaroni - Na Inglaterra dos meados do século 18 era um sujeito jovem e elegante.
Jovens “que excederam os limites ordinários da moda, em termos de roupas, alimentação exigente e jogos de azar”, portanto, que se vestia e até mesmo falavam de maneira excêntrica, especial. Esses jovens tinham ido para a Itália num “Grand Tour”, e desenvolvido um gosto muito especial pelo macarrão, um tipo de comida italiana pouco conhecido na Inglaterra, e na volta fundaram um clube para degustá-lo, o Macaroni Club.
Em meio aos Macaronis era fácil aliciar espiões.


A Homossexualidade sempre foi usada para aliciar espiões.

Meu amigo Alphonsus de Guimaraes costuma dizer que a epionagem nasceu com a “serpente no Paraiso, afinal ela espionava Adão e Eva”.
Depois Cain espionou Abel e essa espionagem acabou em um ato de sangue.
Josué madou espiãs para a Terra Promeitda e a maioria deles teve medo do que viu, só Josué e Caleb foram bons espiões.
Na Antiguidade, Dario, o Grande, “o terceiro soberano do Império Aquemênida, e que dominou boa parte da Ásia Ocidental, o Cáucaso, Ásia Central, partes dos Bálcãs (Bulgária-Romênia-Panônia), regiões do norte e nordeste da África, incluindo o Egito, a Líbia, o litoral do Sudão e a Eritreia, bem como a maior parte do Paquistão, as ilhas do Mar Egeu e o norte da Grécia, a Trácia e a Macedônia”, organizou um corpo de espiões que denominou ‘os olhos e os ouvidos do Rei’ para agir em seu imenso domínio”.
Em Roma era comum a prática da espionagem em todas as áreas da sociedade romana.
Júlio César construiu uma rede de espionagem para saber das conspirações contra ele, mas ela não funcionou e ela acabou assassinado.
“Na Idade Média, a Igreja Católica tinha mais poder do que muitos governos. E, obviamente, tinha uma rede de vigilância poderosa. Um dos comandantes do sistema foi o Bispo francês Bernard Gui, considerado um excelente escritor e um dos arquitetos da Inquisição”.
A atividade floresceu na Renascença.
A Rainha Elizabeth I incumbiu a Sir Francis Walsingham que criasse e administrasse um corpo de espiões.
O Cardeal-Duque de Richelieu instituiu de facto o Serviço Secreto francês.
Os espiões de Richelieu eram de ambos os sexos, podendo usar do travestismo para melhor cumprir suas funções, lembrado que se vestir com roupas do sexo oposto era pecado aos olhos da Santa Madre Igreja de Roma.
Enfim, todos os governantes tinham seus espiões espionados outros governantes, pela História em todos os tempos.


Os documentos secretos eram mantidos em gavetas, também, secretas do bureau real, a única chave para abri-las Luís XV leva pendurada em seu pescoço.

O Secret du Roi de France.
Os Luíses de Versalhes precisavam de um bom corpo de espiões e Luís XV resolveu dar um jeito no que herdou de seus antecessores no Trono de França.
Para tal tarefa convocou Louis-François de Bourbon-Conti, Príncipe de Sangue, Príncipe de Conti, Conde de La Marche, Marechal de Campo (1734) Tenente-General (1735), Cavaleiro da Ordem do Espírito Santo, Grão Prior da França na ordem de São João de Jerusalém, para organiza-lo a partir do final de 1752, a princípio para colocar esse ambicioso Príncipe de Sangue no Trono da Polônia.
Curiosidade em 1760, ele comprou em Vosne-Romanée, em Côte-d'Or, na Borgonha, um vinhedo que leva o seu: “La Romanée Conti”, e produz um vinho mítico e um dos mais caros do mundo, o Romanée-Conti, e não se tornou Rei da Polônia, ao meu ver fez melhor negócio.
Depois, Luís XV nomeou a Jean Pierre Tercier com uma incumbência maior, ou seja, de “supervisionar os vários departamentos dos Negócios Estrangeiros”.
A seguir nomeou ao embaixador Charles-François de Broglie, Conde de Broglie, Marquês de Ruffec, cavaleiro da Ordem do Espírito Santo (Versalhes, 02 de fevereiro de 1757), tenente-general (1760), comandante do Franche-Comté (1761), governador de Saumur (1770), primeiro coronel dos Granadeiros da França.
Como qualquer Serviço Secreto “ o Secret du Roi” tentou influenciar as políticas de outros Estados Soberanos na Europa. 




Us et coutumes à la cour de Versailles (Usos e costumes da Corte de Versalhes), ou Étiquette à la cour de France (Etiqueta na corte da França), a famosa Corte dos Luíses, os Reis de França,
O introdutor dessa Regra de Etiqueta foi Louis Dieudonné, Luís XIV, que dançava Ballet vestido de Sol resplandecente, ante uma Corte embasbacada. 

O Sol Radiante

Na moda:
A moda masculina se modificava mais do que a moda feminina.
Os homens chegavam a usar falsos quadris, ombreiras, enchimentos para diversos para disfarçar qualquer tipo de deficiência física, como falsas panturrilhas sob as meias, laços e laçarotes de fitas coloridas, perucas e postiches, e sapatos de saltos altos, Monsieur frère unique du Roi, Fils de France, lançou a moda dos saltos (tacões) vermelhos para a realeza, enfim o homem se enfeitava como um pavão e se pavoneava para valer com seus jeitos e trejeitos adamados.
“Durante muito tempo, as mulheres eram vestidas por alfaiates que faziam as roupas dos homens, mas Madame Villeuneuve e Madame Charpentier acabaram se impondo, e aí a relação mudou com os alfaiates masculinos”.
“ As toilettes femininas, também, passaram a ter riquezas, ostentação com brocado de ouro, damasco, cetim, veludo, todos sobrecarregados com rendas, passamanarias, de prétintailles (uma faixa de tecido usada como ornamento para a roupa feminina), todas usando espartilhos”.
“Os penteados se tornaram verdadeiras obras de arte”.
“ A mantilha era usada, e o acessório que se tornou indispensável, foi a mosca, "pequeno círculo de tafetá ou veludo negro, que podiam ser colocadas em vários locais do rosto, e, assim, revelar algum aspecto do carácter da dama que usava, todavia, os homens, também, usavam as moscas”.
“Haviam as luvas, lenços tafetá com rendas, laços, e mascaras de cetim na maioria da vez de cor preta”.
“ Tantos os homens, como as mulheres, abusavam da maquiagem, principalmente aquelas que deixavam o rosto muito branco, lívidos, e a partir de 1673, todos usavam “rouge”, que era a marca dos aristocratas, nas bochechas”.
“Colocar Fard, ou seja, maquiagem embaixo dos olhos significava o símbolo do amor, mas também de adultério, isso na ótica de Luís XIV”.
Nessa Corte de Versalhes, que lanço moda para o mundo civilizado de então, que ambos os sexos assim se vestiam e se maquiavam exageradamente, os modos maneiros, o maneirismo se tornava indispensável.
Significado de Maneirismo: É a gesticulação artificial, exagerada ou ritualística de movimentos corporais, empregada de maneira especial “à la cour de Versailles”, na Corte dos Reis de França.
Isso tudo segundo Jean-François Solnon, historiador francês, nascido em 1947 em Lons-le-Saunier, Doutor em História e Doutor em Letras, professor de história moderna na Universidade de Besançon, especialista no Ancien Régime (no Antigo Regime em França), no Império Otomano, ele é o autor de uma dúzia de ensaios e biografia históricas e vencedor de vários prêmios.
E Jacques Levron, Jacques Georges Philippe Marie, Archiviste honoraire, Professeur honoraire, em seus “ La cour de Versailles aux XVIII et XVIII siècles, Hachette, 1965 (rééd 1996), e Les Inconnus de Versailles, Tempus Perrin, 1968 (rééd 2009).
Em todas as gerações da Humanidade nasceram mulheres feias com cara de homem, e homens bonitos com cara de mulher.
Veremos dois quadros demonstrativo a seguir:








Assim, ficava fácil, até a Revolução Francesa, período em que a moda mudou muito, um homem se passar por mulher e uma mulher se passar por um homem, muito fácil mesmo.
Esse foi o caso do Chevalier d’Eon.

“Charles, chevalier d’Éon de Beaumont, (born Oct. 5, 1728, Tonnerre, Fr.—died May 21, 1810, London), French secret agent from whose name the term “eonism,” denoting the tendency to adopt the costume and manners of the opposite sex, is derived.

His first mission was to the Russian empress Elizabeth in 1755, on which he seems to have disguised himself as a woman. After good service as a dragoon captain, he went to London in 1762, with the Duc de Nivernais (Louis Jules Mancini). On returning to Versailles with the Treaty of Paris ratified (1763), he received the cross of St. Louis. Sent back to London ... (100 of 294 words)
Encyclopædia Britannica
Tradução Livre do acima em ingles:
“Carlos, Cavaleiro  d'Eon de Beaumont (nascido em 05 de outubro de 1728, Tonnerre, França, morreu em 21 de maio de 1810, Londres), agente secreto francês de cujo nome deriva o termo "eonismo" , denotando a tendência para adotar o vestir e ter as maneiras do sexo oposto. [ Eonistas são pessoas que valorizam o sentido de disfarçar-se, de "passar" como se fosse do sexo feminino].
Sua primeira tarefa foi junto a Imperatriz russa Elizabeth em 1755 , disfarçado de mulher. Depois desse bom serviço ele foi enviado para Londres em 1762 como Capitão dos Dragões , com o Duque de Nivernais (Louis Jules Mancini). Ao retornar a  Versalhes com o Tratdo de  Paris ratificado (1763), ele recebeu a cruz de St. Louis. Enviados de volta a Londres ... (100 de 294 palavras)
Encyclopædia Britannica
http://global.britannica.com/



Charles, chevalier d’Éon de Beaumont, dressed as a woman, soft-ground etching, 1791.
Library of Congress, Washington, D.C. (Digital File Number: cph 3c01757)
Tradução livre:
Charles, chevalier d'Eon de Beaumont, vestido de mulher, gravura de 1791.
Biblioteca do Congresso, Washington, DC (Número do Arquivo Digital: cph 3c01757)

Isso posto, vamos ao Chevalier d’Eon.
Charles-Geneviève-Louis-Auguste-André-Timothée d'Éon de Beaumont, era filho de Louis d'Eon de Beaumont, advogado e diretor dos domínios do Rei, prefeito de Tonnerre e sub-delegado do Intendente do généralité de Paris, portanto da pequena Nobreza de Robe.  A mãe de d'Eon, Françoise de Charanton, era a filha de um Comissário Geral para os exércitos das guerras de Espanha e Itália, portanto ricos burgueses.
Charles-Geneviève prossegue seus estudos no collège Mazarin, em Paris, e obtém o Diploma nas disciplinas de direito civil e canônico, logo se matriculou como advogado no Parlamento de Paris, em 22 de agosto de 1748.
Excelente cavaleiro e esgrimista, chamou atenção de todos e com isso criou um ótimo círculo de relações, entre essas pessoas estava o Príncipe de Conti, primo do rei Louis XV que nomeou censor real para História e Belles Lettres-  D’ Eon havia escrito e publicado várias “Considérations historiques et politiques, ou Considerações Históricas e Políticas, muito ao gosto do Príncipe de Sangue.
“ Segundo a lenda, d’Eon, vestido como uma mulher, teria sido notado pelo Rei em baile de máscara, e diante de tal versatilidade foi recrutado para “ Le Secret du Roi “, o “cabinet noir “, gabinete preto, de onde Luís XV implementava sua política paralela, extraoficial.
 Assim com 28 anos, em 1756, d'Eon se juntou a rede secreta de espiões do Rei de França.
Em sua primeira missão foi junto a Imperatriz Elizabeth de Todas as Rússias, d'Eon estava disfarçado como Madame Lea de Beaumont, e serviu como uma dama de honra para a Imperatriz.
D'Eon voltou para a França em outubro de 1760, e lhe foi concedida uma pensão de 2.000 libras como recompensa pelos bons serviços na Rússia.
A seguir, foi nomeado Capitão de Dragões sob o comando do Marechal de Broglie e lutou nas ultimas fases da Guerra dos Sete Anos, sendo ferido Ulstrop, na Batalha de Villinghausen, de julho de 1761.
Louis-Jules Barbon Mancini-Mazarin, Duque de Nevers, diplomata e escritor francês, membro da Academia Francesa, foi nomeado como negociador em Londres do Tratado de Paris, ou o Tratado de 1763, assinado em 10 de fevereiro de 1763 pelos representantes do Rei da Grã-Bretanha, da França, da Espanha, e de Portugal, como observador, após a vitória da Grã-Bretanha sobre a França e Espanha durante as Guerra dos Sete Anos.
Na embaixada como Ministro Plenipotenciário estava o Chevalier d'Eon, o segundo em comando, com 1.000 libras de renda, e que na realidade era o estrategista das negociações, tendo inclusive já levado para a capital inglesa documentos preparatórios para o tratado.
Segundo consta d'Eon executou tão bem o serviço a ele encarregado que foi premiado com mais de 6.000 libras, além de ser condecorado com l’Ordre royal et militaire de Saint-Louis, a Ordem Real e Militar de São Luís, no dia 30 de março 1763, em cerimônia no Palácio de Versalhes.
A Ordem tinha três classes:
1-            Cavaleiro,
2-            Comandante;
3-            Grã-Cruz.
E d’Eon recebeu a de primeira classe, foi feito Chevalier, Cavaleiro.
Com isso o filho dos ricos burgueses, o plebeu, se tornou membro da nobreza de França como Chevalier d'Eon, já que muitos nobres de nascença portavam tal Título.
Na brumosa Londres d’Eon organizou uma rede de agentes secreto para o Rei de França, inclusive com membros da nobreza britânica, com destaque seu assessoramento a François Louis Carlet de la Roziere, Marquês de La Rozière, que estava inspecionando as defesas costeiras britânicas, para elaborar um plano de invasão a Inglaterra pela França.
D’Eon sabendo que essa era uma ideia do próprio Rei, colheu o mais que pode informações e documentos, para usá-lo em tempos das vacas magras, pois nunca se sabe o que pensam os Soberanos, um dia eles nos adulam, noutro nos jogam as feras, ou no calabouço, no caso a Bastilha.
E a vida continuou.
Com a volta do Duque de Nevers para Versalhes, D’Eon se tornou o embaixador, o chefe da missão diplomática do Rei de França, e essa embaixada se tornou esplendorosa, magnificente, regada aos melhores vinhos produzidos nos vinhedos da Borgonha, para gaudio dos ingleses.
Por razões que a própria razão desconhece, Claude Louis François Régnier de Guerchy, Conde de Guerchy, Marquês de Nangis, Barão de Guierche, que começou um trabalho de espionagem, a seara de d’Eon, que não gostou nada e entrou em guerra aberta contra o novo embaixador.
Além do que havia o problema da vaidade, pois com a chegada do Embaixador – Conde, de maior rango de nobreza e nomeado para o lugar que d’Eon ocupava – o Chevalier foi rebaixado, passando a ser o quarto em comando, abaixo do Marquês de Blosset, substituto direto da pessoa do embaixador, e dos secretários Leboucher e Bontemps.
Ficou furioso e jurou vingança.
Haviam dois partidos me disputa na Corte de França:
De um lado: Madame de Pompadour, maitresse-em-titre du Roi, Étienne-François, Duque de Choiseul, Secretário de Estado para os Negócios Estrangeiros tenente-general dos exércitos do Rei, considerado o verdadeiro "vice-rei da França", mais César Gabriel de Choiseul, Duque de Praslin, entre outros.
Do outro lado: A família de Broglie, com Charles-François de Broglie, Marques de Ruffec, e seu irmão, Victor François de Broglie, segundo duque de Broglie e Marechal de França, entre outros.
E d’Eon não sabia como agir, até ver negado o seu pedido de pagamento das dividas contraídas quando era embaixador por Étienne-François, Duque de Choiseul, Secretário de Estado.
Ficou mais furioso ainda e continuou jurando vingança.
Há disputa entre de Guerchy e d’Eon continuou sem quartel.
Uma cena de vaidades foi montada e o Claude Louis François Régnier de Guerchy, Conde de Guerchy, Marquês de Nangis, Barão de Guierche, comunicou a Luís XV que Charles-Geneviève-Louis-Auguste-André-Timothée, Chevalier d'Éon de Beaumont, tentou envenena-lo.
D’Eon é publicamente renegado pelo Rei, mas no particular Luís XV, mago em ações duplas, “ tramite segurança e tranquilidade ao Chevalier, pedindo até que assessore o embaixador”, mais que finório.
A crise estava criada e tanto o Conde de Guerchy, quanto d’Eon, apelaram para Charles Montagu, Barão de Halifax, com intuito de que ele defendesse os interesses de cada um de maneira imparcial, inclusive patrocinado um duelo, mas não tiveram sucesso.
Nesse imbróglio certo Pierre-Henri de Treyssac Vergy, um aventureiro a soldo do Duque de Praslin, enviado a Inglaterra, junto com um tal Ange Goudar, para assessorar o Conde de Guerchy em sua guerra aberta redigindo panfletos contra o Chevalier, mudou de lado e passou apoiar o d’Eon, chegando a testemunhar a favor desse na ação contra seu antigo empregador, o Conde de Guerchy.
De Guerchy perde.
Assim, “ velho, doente, muito cansado, sua aposentadoria é concedida por Luís XV, e em 20 de julho de 1767 deixa definitivamente a Embaixada do Rei de França junto ao Rei da Grã-Bretanha. Chantageado por Treyssac Vergy que possuía copias de suas cartas ao Duque de Choiseul, não conseguiu pagar a quantia pedida, e elas são publicadas. Morreu no ostracismo em Paris no dia 17 de setembro 1767. ”
A embaixada do Conde de Guerchy é considerada como o epilogo das tristes relações internacionais durante o l’ Ancien Regime.
O que é certo é que o Governo de Sua Majestade Britânica protegeu d’Eon.
D’Eon sem dinheiro, a pensão do Rei de França foi interrompida, publicou:
1-            Correspondência diplomática sob o título “Lettres, mémoires et négociations particulières du chevalier d'Eon” março 1764;
2-            Um livro sobre administração pública, “Les loisirs du Chevalier d'Eon”, que foi publicado em treze volumes em Amsterdã em 1774
Cautelosos, pois sabiam das cópias sobre o projeto de Invasão a Inglaterra, “Luís XV concedeu a d'Eon uma pensão anual de 12.000 Libras, mas recusou pagar suas dívidas em torno de 100.000 libras.
D'Eon continuou a trabalhar como um espião, mas viveu no exílio político em Londres.
De posse de cartas secretas do Rei, que lhe dava proteção contra novas ações francesas, Charles-Geneviève-Louis-Auguste-André-Timothée, Chevalier d'Éon de Beaumont, ou simplesmente chevalier d'Eon não poderia retornar nunca para a França.
Na Inglaterra se aposta em tudo, “e na London Stock Exchange foi criada uma sobre o verdadeiro sexo de d'Eon. D'Eon foi convidado a demostrar seu sexo, mas recusou-se, dizendo que o exame seria desonroso para ele, e depois de um ano sem progresso, a aposta foi abandonada”.
Tentou passar por mulher, declarou-se hermafrodita, pintou e bordou.
Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, professor de harpa de Madames , as quatro filhas do Rei Luís XV , que residem na corte, foi enviado por Luís XVI para negociar com d’Eon todas as cartas e planos que ele retinha envolvendo o finado Rei e seus Ministros, além da “Mémoires secrets d'une femme publique de Théveneau de Morande , dirigé contre la comtesse du Barry, favorite royale” - Memórias Secretas de um mulher pública de Théveneau de Morande , contra o Condessa du Barry, favorita real- ultima amante do fogoso Rei de França morto.
Levou tempos, mas acompanhado de num documento de 20 páginas  onde d’Eon assumia certas obrigações, incluso de se vestir de mulher e passar a se chamar mademoiselle d’Eon, de receber um anuidade garantida, autorizado a continuar a usar a insígnia da Ordem de Saint-Louis, e quando a oferta do rei incluiu fundos para um novo guarda-roupa de roupas femininas, d'Eon concordou, e  o espião do Secret du Roi entregou tudo que o novo Rei de França queria, Ato continuo Luís XVI acabou com o serviço de “ Le Secret du Roi”, pelo menos oficialmente.
Desafiador D'Eon deixou Londres 13 de agosto de 1777e se apresenta na Corte de Versalhes com seu uniforme de Capitão dos Dragões.
Luís XVI responde com a cobrança do acordo no que tange suas obrigações de ser Mademoiselle d’Eon e de vestir com roupas de mulher.
E apresentado a rainha Maria Antonieta com a mais bela criação de Rose Bertin, La ministre des modes de La Reine, ou seja, a estilista da Rainha.
D’ Eon se torna o queridinho da capital.
Até que, d’Eon teimou em querer lutar na Guerra da Independência dos Estados Unidos, como Capitão dos Dragões, nos Exércitos da Marquês de Lafayette, o que deixou Luís XVI muito furioso, tanto que em 20 de março de 1779 manda prendê-lo, para depois o exila-lo para a propriedade da família em Tonnerre.
Em 1783, Luís XVI lhe dá permissão para voltar a Paris e de retomar a Grã-Bretanha, para acertar seus assuntos particulares, já não goza mais de sua pensão do Rei.
Eclode a Revolução Francesa de 1789, e elle é forçado a permanecer na Inglaterra.
Na miséria ensina esgrima e vende sua excecional biblioteca.
Vestido de mulher aceita duelos para ganhar a vida, e é preso por dividas.
Em agosto de 1796 é ferido gravemente no pulmão, e passa a viver na mais total miséria, pois está velho, gordo, impedindo de fazer grandes movimentos, já que estava paralisado após uma queda devido ao ataque vascular.
Morre vestido de mulher em Londres,21 de maio de 1810, aos 81 anos de vida.
No necrotério os cirurgiões ficam espantados, pois aquela senhora é um homem, com um avantajado pênis, mas de acordo com a sua idade.
“O cirurgião Copeland junto com dezessete testemunhas, membros da Faculdade de Medicina da Grã-Bretanha, fazem o relatório médico-legal, datado de 23 de maio de 1810:
"Nisto, certifico que examinei e dissecado o corpo do Chevalier d'Eon na presença do Sr. Adair, o Sr. Wilson, o Padre Elysee, eu encontrei os órgãos masculinos totalmente treinados e em bom aspecto”, seja isso o que o inglês quis dizer.
E d’Eon foi enterrado no cemitério da Paroquia de São Pancrácio, no Condado de Middlesex.
Entretanto, como parece ter sido uma vala comum, pois consta com tendo sido sepultado em meio a 49 homens e 32 mulheres, todos vestidos, o local exato não foi até hoje localizado.

Foto Galeria:



Charles-Geneviève-Louis-Auguste-André-Thimothée d'Éon de Beaumont
dans son uniforme de capitaine des Dragons
Pierre-Adrien LE BEAU (1744-1817?) d'après Claude-Louis DESRAIS (1746-1816)
 Lyon, Bibliothèque municipale



Mademoiselle de Beaumont, chevalier d'Éon
Pierre Adrien LE BEAU (1744-1817?) d'après Claude-Louis DESRAIS (1746-1816) —
Lyon, Bibliothèque municipale





Sátira do duelo esgrima entre
 "  Mr. St. George e Mademoiselle la chevaliere d'Eon de Beaumont  "
no Carlton House em 9 de Abril de 1787 .
Gravura Victor Marie Picot baseado no trabalho original de Charles Jean Robineau


 E assim....



quarta-feira, 13 de maio de 2015

Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: Conversa sobre a Holanda, ou os Países Baixos.

Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: Conversa sobre a Holanda, ou os Países Baixos.:

Conversa sobre a Holanda, ou os Países Baixos.

Conversa sobre a Holanda, ou os Países Baixos.

Porque publiquei dois capítulos do meu livro, agora em Blog, “Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade”, http://alemnomaroceano.blogspot.com.br/ , nestas nossas conversas sobre a História?
Porque para escrever esse livro, eu pesquisei a História da Holanda, história essa que é baseada no esforço conjunto dos protestantes e dos judeus para a construção de um novo mundo capitalista, e livre para todos os homens e mulheres de boa vontade.
Vamos continuar:

Judeus celebres na Holanda em tempos idos:

Abraham Israel Pereyra (Pereira), “o seu nome antes de deixar a Espanha era Thomas Rodriguez Pereyra, e foi perseguido pela Inquisição”. Ele era de uma família de marranos em Madrid, e chegou em Amsterdam, via Veneza, por volta de 1644, com seu irmão mais novo, Isaac Pereyra”.
“Eles tinham "conseguido trazer da Península Ibérica a totalidade da sua considerável fortuna e se tornaram uns dos mais ricos negociantes na Holanda”.
Abraham Israel Pereyra foi muito dado a obras de pias e de devoção, tanto que em 1659 fundou o yeshibah Hesed le-Abraão, em Hebron.
“Em 1655 os dois irmãos, Abraão e Isaac Pereyra, pediram ao governo de Amsterdam permissão para estabelecer uma refinaria de açúcar na cidade”
"Os Pereyras são descritos por seus companheiros judeus como comerciantes de riqueza e influência, que ocuparam um lugar importante na Bolsa de Valores de Amsterdam, a mais antiga bolsa de valores do mundo, iniciada pelo Dutch East India Company, em 1602”.
“Durante muitos anos o presidente da Comunidade Judaica Português em Amsterdã, morreu em Amsterdã em 1699, teve cinco filhos e três filhas. Uma das filhas, Rebeca, era a esposa de Jacob de Pinto, outra, chamada Rachel, era a esposa de Abraham Cuitiño ". Fonte: Roth, Cecil, A Vida de Manassés Ben Israel, o rabino, impressora e Diplomat, Philadelphia, The Jewish Publication Society of America de 1934.

David de Aaron de Sola - Rabino e autor (Amsterdam *1796- + 1860)
Jacob Abendana - Rabino, hakham (sábio) da Sinagoga dos Espanhóis e Portugueses em Londres, e filósofo (Espanha, 1630 – Londres, 12 de setembro de 1695)
Isaac Abendana (Espanha, ca. 1640 – Londres, 1710) foi o irmão mais novo de Jacob Abendana, e tornou-se hakham (sábio) da Sinagoga dos Espanhóis e Portugueses em Londres depois da morte de seu irmão.

Meu favorito:
Isaac Aboab da Fonseca, o primeiro Rabino nomeado das Américas, “seus pais eram marranos, judeus que tinham sido convertidos à força ao cristianismo -Rrabino, cabalista, erudito, escritor, nasceu em Castro Daire, hoje no distrito de Viseu, região Centro e sub-região do Dão-Lafões, 01 de fevereiro de 1605”.
Foi uns dos anciãos na comunidade Português-israelita nos Países Baixos que excomungou Baruch Spinoza pelas declarações deste filósofo feitas a respeito da natureza de Deus.
“Na idade de dezoito anos, foi nomeado Chacham para Beth Israel, uma das três comunidades sefarditas que existiam em Amsterdam”.
“ Em 1642, Aboab da Fonseca foi nomeado Rabino na Sinagoga Kahal Zur Israel, na então colônia holandesa de Pernambuco (Recife ocupada pelos holandeses em 1624), no Brasil. A maioria dos habitantes europeus da cidade após a ocupação holandesa eram judeus sefarditas, originalmente de Portugal, mas que tinha emigrado primeiro a Amsterdam devido à perseguição pela Inquisição Portuguesa”.
“ Alguns membros da Comunidade Israelita de Pernambuco, emigraram para a América do Norte e estavam entre os fundadores da Cidade de Nova York”.
“ De volta a Amsterdam, Aboab da Fonseca foi nomeado Rabino-chefe para a comunidade Sefardita, e durante esse período a comunidade prosperou, tanto que a Sinagoga Portuguesa de Amsterdam, a Esnoga, foi inaugurado no dia 02 de agosto de 1675 (10 Av 5435) ”.
“ Isaac Aboab da Fonseca morreu em Amsterdam, no dia 4 de abril de 1693, com a idade de 88”.
Adoraria tê-lo conhecido.
  

Retrato do rabino Isaac Aboab da Fonseca.
Palavras exatas que estão no Livro:
"Este trabalho é uma tradução do Pentateuco em espanhol, com um comentário por Isaac Aboab da Fonseca Ele estava preparado para judeus em Brasil holandês, que por causa de sua herança ibérica seria capaz de ler em espanhol. O retrato é do comentarista, Aboab da Fonseca, que não foi apenas o primeiro Rabino no Brasil, mas também o primeiro Rabino para vir para a América. "

Manassés ben Israel, Menasheh ben Yossef ben Yisrael – “nasceu em Ilha da Madeira em 1604, com o nome de Manoel Dias Soeiro, um ano depois que seus pais haviam deixado continente Portugal por causa da Inquisição. A família se mudou para a Holanda em 1610”.
“Ele estabeleceu a primeira imprensa hebraica na Holanda, e um de seus primeiros trabalhos, El Conciliador, publicado em 1632, fez com que ele adquirisse uma grande reputação ”.
“ Em 1638, ele decidiu se estabelecer no Brasil, e ele pode ter visitado a capital da colônia holandesa de Recife, mas nela não se fixou”.
Uma das razões foi que sua situação financeira melhorou em Amsterdam, já que os irmãos Abraão e Isaac Pereyra, o contrataram para dirigir uma pequena Yeshivá (em judeu-português: Jessibá) que haviam fundado na cidade para estudo da Torá e do Talmud.
Rabino, influente na readmissão dos judeus na Inglaterra e sua introdução nos demais domínios do nascente Império Britânico.
Manassés ben Israel foi o autor de muitas obras muito importantes para o judaísmo.
“A esposa de Manassés, Rachel, era uma neta de Isaac ben Judah Abravanel, judeu português conhecido como Abravanel, estadista, filósofo, comentarista da Bíblia, financista, e que segundo a Lenda tinha ascendência Davídica.
Manassés e Rachel tiveram três filhos.
a-      Samuel Abravanel  Soeiro, também conhecido como Samuel Ben Israel, que trabalhou como impressor e ajudou seu pai com matérias em Inglaterra.
b-      Joseph, morreu aos 20 anos, em 1650, em uma viagem de negócios desastroso para a Polónia.
c-       Gracia, nascida 1628, que se casou com Samuel Abravanel Barboza em 1646, e morreu em 1690.

Faleceu em Midelburgo, no sudoeste dos Países Baixos, hoje capital da província da Zelândia, no dia 20 de novembro de 1657.
 Manassés ben Israel, Menasheh ben Yossef ben Yisrael morreu muito satisfeito da vida, pois segunda a lenda a família de sua esposa Rachel, os Abravanel, descendia do Rei Davi, e com isso seus filhos tinha uma Grande Linhagem, uma ascendência Davídica. Fonte: Roth, Cecil, A Vida de Manassés Ben Israel, o rabino, impressora e Diplomat, Philadelphia, The Jewish Publication Society of America de 1934




Portrait of Menasseh Ben Israel
by Rembrandt

Balthazar Orobio Alvares de Castro, no judaísmo Isaac Orobio de Castro - filósofo, médico e apologista (nascido em Bragança, Portugal, em 1617, e falecido em Amsterdam, no ano de 1687. Sua esposa, Esther, faleceu na mesma cidade no dia 05 de julho de 1712), médico de Duque de Medinaceli, denunciado à Inquisição, fugiu para Toulouse, França, em cuja universidade lecionou medicina, recebendo honras de Luís XIV. Não satisfeito emigrou para a comunidade Sefardita de Amsterdam em 1662.

Baruch Spinoza, filosofo e artesão - (para os pais era Bento, em hebraico: ברוך שפינוזה, traduzido para  Baruch Spinoza , portanto Baruch para os judeus de Amsterdam, como Benedictus assinou sua Ethica, depois “ do o chérem, equivalente hebraico da excomunhão católica, pelos seus postulados a respeito de Deus em sua obra, defendendo que Deus é o mecanismo imanente da natureza, e a Bíblia, uma obra metafórico-alegórica que não pede leitura racional e que não exprime a verdade sobre Deus “ passou a assinar Benedito Espinoza,) – de uma família judaica de origem portuguesa, nasceu Amsterdam, no dia 24 de novembro de 1632, e faleceu em Haia no dia 21 de fevereiro de 1677, foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz.
O banimento, em português de Spinoza (sic):
"Os Senhores do Mahamad [Conselho da Sinagoga] fazem saber a Vosmecês: como há dias que tendo notícia das más opiniões e obras de Baruch de Spinoza procuraram, por diferentes caminhos e promessas, retirá-lo de seus maus caminhos, e não podendo remediá-lo, antes pelo contrário, tendo cada dia maiores notícias das horrendas heresias que cometia e ensinava, e das monstruosas ações que praticava, tendo disto muitas testemunhas fidedignas que deporão e testemunharão tudo em presença do dito Spinoza, coisas de que ele ficou convencido, o qual tudo examinado em presença dos senhores Hahamim [conselheiros], deliberaram com seu parecer que o dito Spinoza seja heremizado [excluído] e afastado da nação de Israel como de fato o heremizaram com o Herem [anátema] seguinte:
Com a sentença dos Anjos e dos Santos, com o consentimento do Deus Bendito e com o consentimento de toda esta Congregação, diante destes santos Livros, nós heremizamos, expulsamos, amaldiçoamos e esconjuramos Baruch de Spinoza [...] Maldito seja de dia e maldito seja de noite, maldito seja em seu deitar, maldito seja em seu levantar, maldito seja em seu sair, e maldito seja em seu entrar [...] E que Adonai [Soberano Senhor] apague o seu nome de sob os céus, e que Adonai o afaste, para sua desgraça, de todas as tribos de Israel, com todas as maldições do firmamento escritas no Livro desta Lei. E vós, os dedicados a Adonai, que Deus vos conserve todos vivos. Advertindo que ninguém lhe pode falar bocalmente nem por escrito nem lhe conceder nenhum favor, nem debaixo do mesmo teto estar com ele, nem a uma distância de menos de quatro côvados, nem ler Papel algum feito ou escrito por ele."

“Os judeus, perseguidos por toda Europa na época, especialmente pelos governos ibéricos e luteranos alemães, haviam recebido abrigo, proteção e tolerância dos protestantes de inspiração calvinista dos Países Baixos e, assim, não poderiam permitir no seio de sua comunidade um pensador tido como herege”.
Era óbvio já que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita, e a Bíblia é o livro fundamento da Fé Calvinista.
Spinoza “morreu em um domingo, 21 de fevereiro de 1677, aos quarenta e quatro anos, vitimado pela tuberculose. Morava então com a família Van den Spyck, em Haia. A família havia ido à igreja e o deixara com o amigo Dr. Meyer. Ao voltarem, encontraram-no morto. Encontra-se sepultado em Nieuwe Kerk churchyard, Haia, no Países Baixos”.
Obras escritas em latim:
Ética demonstrada à maneira dos geômetras (Ethica Ordine Geometrico Demonstrata) - iniciado em Rijnsburg e finalizado em Haia. Conteúdo:
Primeira parte: Deus
Segunda parte: A natureza e a Origem da Mente.
Terceira parte: A Origem e a Natureza dos Afetos.
Quarta parte: A Servidão Humana ou a Força dos Afetos.
Quinta parte: A Potência do Intelecto ou a Liberdade Humana.
Escritos em holandês:
Um breve Tratado sobre Deus e o Homem (foi um esboço da Ética).
Diversos:
Tratado Político (depois incluído na Ética)
Tratado do Arco-íris
Tratado da correção do Intelecto (De Intellectus Emendatione) - Ensaio
Princípios da Filosofia Cartesiana ("No apêndice, -Pensamentos metafísicos- Espinosa revela seu afastamento cada vez maior em relação a várias teses de Descartes, embora pareça apenas servir-se do cartesianismo para refutar a escolástica." - Espinosa, Livres Pensadores, Coleção)
Tratado sobre a Religião e o Estado (Tractatus theologico politicus) ou "Tratado Teológico-político"



Retrato de Baruch de Spinoza
1665

Foram esses homens, com suas famílias, com seus irmãos e amigos, que contribuíram com os da Casa de Orange para o desenvolvimento da Holanda, dos Países Baixos.

Continua....

Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: Rei, esposa morganática, & emigração protestante.

Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: Rei, esposa morganática, & emigração protestante.: Rei, esposa morganática, & emigração protestante.

Rei, esposa morganática, & emigração protestante.

Rei, esposa morganática, & emigração protestante.

As Casas Reinantes na antiga Europa eram por demais fecundas.
Raros eram os Soberanos que não tinham Herdeiros para seus Tronos.
Um ou outro porque era estéril, ou sua esposa era.
Contudo, havia sempre uma penca de irmãos, de sobrinhos, de onde podiam sacar um novo Herdeiro para a Coroa.
Em alguns casos havia a Tradição da Lei Sálica e como sempre a Historia acabava em Guerras entre os aspirantes ao Trono.
Mais, havia os que eram dados, até por demais, aos prazeres da carne, verdadeiros ‘atletas do sexo’.
Essa condição de garanhão, na linguagem popular, era um grande contrassenso, afinal eles eram Soberanos por Direito Divino segundo a Tradição da Igreja e ela ensina que só se deve ter relações sexuais com o intuito de procriar dentro do casamento realizado no seio da chamada Santa Madre Igreja, mas vamos lá, cada cabeça que tenha a sua sentença.
Um bom exemplo é o nosso Luiz XIV, Rei de França e de Navarra, Majestade Cristianíssima, ‘de la maison de Bourbon de la dynastie capétienne’.
Só uma curiosidade:
Louis Dieudonné, nome que quer dizer ‘o presente de Deus’, era um daqueles que não gostava de tomar banho, e só como medicamento tomou três na vida.
Fagon, seu médico, descreve o resultado do’ tratamento por banho’ que ele receitou para Sua Majestade:
“O paciente passou por tremores, ataque de fúria, movimentos convulsivos...seguidos de erupções, manchas vermelhas e roxas no peito”. Fonte: ‘Journal de la Sante du Roi Louis XIV (1647-1771) de A. d’Aquin, GCFagon, a. Vallot. Paris 1862.
Semivestido ele usava a ‘retrete’ – uma cadeira com pinico- na frente de membros da Família Real, de Monsieur, dos Príncipes de Sangue, dos Duques e dos Altos Dignitários ‘de la Cour à Versailles’, dos médicos, dos serviçais, etc. e tal.
Como sofria de prisão de ventre era fã das lavagens intestinais, nas quais eram utilizadas cânulas e seringas, e as ‘tomava’ na frente do seleto grupo já citado.
Necessidades feitas, um camareiro o limpava por três vezes com paninhos cortados para tal fim, não existia papel higiênico, nem era levado um bidê para Sua Majestade se lavar, donde podemos concluir que não era lá muito higiênico tal ato, e que de cheiroso não tinha nada.  
Além do que Luís de Bourbon-Capeto suava demais, tinha que viver trocando de ‘roupa branca’, pelo menos quatro vezes por dia, por isso, e só por isso, era considerado um homem limpo, pois naquela época se acreditava’ na roupa branca que limpa’.
É claro que já se tinha o perfume, mas não existia o desodorante, donde se conclui que devia ter um cheiro de çeçe que não devia ser ‘bolinho’, alias Luís era alérgico a perfume, detalhes abaixo.
Diariamente cinco médicos vinham ver o Rei, foram eles Jacques Cousinot, François Vautier, Antoine Vallot, Antoine de Aquino, Guy-Crescent Fagon até a morte do rei, todos usando e abusando das sangrias e das lavagens intestinais, as purgas com os terríveis clisteres, 5.000 em 50 anos de vida, pois era purgado todos os dias.
Com seu ânus sangrava devido as hemorroidas, vivia usando emplastros ou pomadas para evitar maiores sangramentos.



Uma purga no século XVIII.
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa

Luís tinha um forte mau hálito por causa de seus problemas dentários, tanto que para falar com suas amantes, ele colocava um lenço perfumado na boca, mas como era alérgico a perfume, só suportava o de Flor de Laranjeiras, isso segundo seu dentista Dubois.
Luís teve e tinha:
1-       Varíola em 1647.
2-      Problemas estomacais e disenteria, doenças dolorosas e crônicas, devido a seus hábitos alimentares.
3-      Tumores: um no mamilo direito cauterizado em janeiro 1653.
4-      Gonorreia desde da mocidade: mantido em segredo.
5-      Vapores na cabeça (forte dor de cabeça) e dor nas costas – coluna-  frequente.
6-      Espinhas por toda a face e outras partes do corpo.
7-      Gangrena, que iniciou nos dedos do pé, já perto da morte.
8-      Febres.
9-       Dor de dente, os seus dentes lado superior esquerdo foram cauterizados várias vezes a picos de fogo (para suportá-lo líquidos eram introduzidos através do nariz).
10-   Fístula anal que será operada pelo cirurgião Felix, em novembro 1686.
11-   Problemas urinários: cálculos renais o que fazia com que ele tivesse ​uma micção dolorosa.
12-   Gota: ataques insuportáveis no ​​pé direito e no tornozelo esquerdo, considerada por todos como “ uma verdadeira tortura”.

Luís XIV sofria tanto das hemorroidas que em pleno século XVIII sofreu uma intervenção cirúrgica para extirpá-las.
Essa operação era tão delicada que o Clero de toda a França foi convocado a rezar para o seu bom sucesso.
Não fiquem surpresos, mas aquele que se igualava ao SOL, pedia as pias senhoras, ou senhoritas, aos padres e aos nem sempre austeros monges, que intercedesse ao Deus dos Cristãos, dos Judeus e dos Huguenotes, esse último povo e pessoas aquém tanto odiava, que o salvasse de todos os males.
Madame de Maintenon, esposa morganática do Monarca, escreveu aos responsáveis em Saint-Cyr da Maison Royale de Saint-Louis, uma Instituição fundada por Louis Dieudonné a seu pedido para educar filhas de nobres e que era dirigida por freiras, apesar de a Escola não ser convento, o seguinte:
« ...mas o Rei se portou muito bem é muito corajoso’.
Como podemos ver se salvou, mas eu acredito que o ‘cheirim’ continuou, pois, a descrição de sua morte prova o que agora escrevo.
Mas apesar disso TUDO, Sua Majestade era o que chamamos de ‘ o garanhão’, não podia ver uma nova jovem da nobreza na Corte que já arrastava, como um bom ‘coq gauloise’, um galo gaulês, as suas asas.
Amante teve várias, a Grande Historia fala delas.
Filho bastardo os teve muitos e a todos legitimou.
E foi por causa “des les enfants légitimes du roi de France” que a já citada, Françoise d’Aubigné, viúva do poeta burlesco, o paralitico Paul Scarron, com quem casou pobre e aos 16 anos por sobrevivência, e ficou casada de 1652 a 1660, nascida em 27 de novembro 1635, na prisão de Niort, onde seu pai foi preso por ordem do Cardeal-Duque de Richelieu.
Ela era filha de Constante d'Aubigné, outro debochado, “ que assassinou sua primeira esposa com seu amante em 1619”, e de sua segunda esposa Jeanne Cardilhac.
Constante d'Aubigné era filho de Theodore Agrippa d'Aubigné, um calvinista intransigente, famoso poeta e amigo de Henrique IV, Rei de França e de Navarra, aquele que dize “ Paris vale uma missa”.
Agrippa d'Aubigné ficou conhecido graças a sua obra Les Tragiques, onde as Guerras da Religião são contadas, bem como as perseguições aos huguenotes, bem como “a punição dos conspiradores de Amboise e o Massacre de São Bartolomeu”.
“Após a morte de Richelieu, a família foi para as Antilhas francesas, onde d'Aubigné foi nomeado governador de Marie-Galante, embora ele e sua família permanecessem na Martinica. D'Aubigné retornou para a França por volta de 1645, quase na miséria, e morreu em 1647. Sua esposa e filhos retornaram à França do mesmo ano”.
Vida nada fácil da pequena huguenote, mas podia ter sido pior. 
Na volta da Martinica, a irmã de seu pai, Louise Arthemise d’Aubigné, ou Madame de Villette, fervorosa calvinista, deu mais uma vez abrigo a Françoise em seu Château de Mursay, em Deux-Sèvres, hoje na região Poitou-Charentes .
“ Sua madrinha, Madame de Neuillant, uma fervorosa católica, pediu a Rainha-mãe Ana da Áustria uma lettre de cachet para que ela cuidasse de Françoise e que, também, a permitisse praticar o catolicismo, e assim abjurar a Fé calvinista. A moçoila foi para num convento das Ursulinas, e “onde, graças à doçura e carinho de uma freira, a Irmã Celeste, a menina finalmente cedeu calvinismo. Agora católica passou a acompanhar sua madrinha, Madame de Neuillant, nos Salões Literários parisienses”.
Num deles conheceu seu grande instrutor, Antoine Gombaud, chevalier de Méré, um escritor que a apelidou de « la belle Indienne », a Bela Indiana, pois a Martinica ficava nas Índias Ocidentais francesas, e oficialmente ela tinha vindo de lá.


Le poète Paul Scarron, premier mari de Françoise d'Aubigné


Paul Scarron morreu e só deixou dividas, mas ela, com ele, adquiriu grande cultura.
Pensionista do Rei, ganhava uma pensão de 2.000 libras, mais uma vez por favor da Rainha-mãe Ana da Áustria.
E por três anos foi amante de Louis de Mornay, Marquês de Villarceaux, que a pintou desnuda.


Portrait de Françoise d'Aubigné,
par le marquis de Villarceaux
entre 1663 e 1664

Através de César Phébus d'Albret, chevalier des ordres du roi, Marechal de França, e outros Títulos, conheceu a prima desse, a famosa Maîtresse-en-titre du Roi, Françoise Athénaïs de Rochechouart de Mortemart, ou seja, Madame de Montespan, mãe “des les enfants légitimes du roi de France”, a saber:
Luís Auguste de Bourbon, Duque de Maine, casado com Anne Louise Bénédicte de Conde;
Luís César de Bourbon, Conde de Vexin, abade de Saint-Germain-des-Prés;
Louise Françoise de Bourbon, Mademoiselle de Nantes, casou com Luís III de Bourbon-Condé, Duque de Bourbon, sexto Príncipe de Conde;
Louise Marie Anne de Bourbon, Mademoiselle de Tours;
Françoise Marie de Bourbon, o segundo Mademoiselle de Blois, que se casou com Felipe d´Orleans, futuro Regente durante a minoridade de Luís XV;
Louis Alexandre de Bourbon, Conde de Toulouse.
Bonne de Pons, Marquesa d’Heudicourt, nascida protestante, como Madame de Maintenon, mas abjurou e se converteu ao catolicismo por conveniência, sobrinha do Marechal d'Albret, foi quem sugeriu Françoise d’Aubigné para governanta dos filhos legitimados do Rei Sol.
“A desgraça progressiva de Madame de Montespan, comprometida no caso dos venenos, nas missas negras, na magia barata, fez com que Françoise d’Aubigné se tornasse sua grande rival”.
E Françoise, née d’Aubigné, acabou casando com Luís Dieudonné.
Foi numa cerimonia privada, à noite, celebrada por François de Harlay de Champvallon, Arcebispo de Paris, na presença do Père La Chaise, confessor do Rei, do Marquês de Montchevreuil, de Claude, Conde de Forbin-Gardanne (Chevalier de Forbin), e Alexandre Bontemp, valet do Rei.
Nenhuma documentação oficial do casamento existe, mas que ela ocorreu, no entanto, é aceito pelos historiadores e biógrafos. A data é incerta pode ser na noite de 9 para 10 de outubro de 1683 ou qualquer noite de janeiro 1684.
Pelo sim, ou pelo não, se conta que essa união morganática durou de 9 de outubro de 1683 até 1 de setembro de 1715, portanto 31 anos, 10 meses e 24 dias, tempo esse usado por Françoise d’Aubigné para aumentar sua influência sobre Luís, Le Grand, daquele que afirmava “o Estado sou Eu”, de ‘le Roi Soleil”, do Vigário de Cristo na Terra, após a Sagração com os Santos Óleos, da divindade visível pela Doutrina do Direito Divino dos Reis.
Sua influência sobre Luís XIV era tanta que ela « criou » uma nova Era de rigor e devoção católico-romana, a ponto de la Princesse Élisabeth-Charlotte, Madame e Duquesa de Orleans, por seu casamento com Felipe, Monsieur le frère unique du Roi, lamentou o espírito de fanatismo que tinha se abatido sobre todos os frequentadores da Corte no Palácio de Versalhes, e de que nada mais era divertido durante " o reinado de Madame de Maintenon ".


Luís XIV em trajo de Coroação.

Como ela tinha grande poder sobre o Rei Sol, um sol já no poente, sua participação foi decisiva, tanto na revogação do Edito de Nantes, quanto na publicação do Edito de Fontainebleau.
E em sendo assim, culpada pelo massacre de seus ex- irmãos, huguenotes ou protestantes, nas História de França e, porque, não dizer, na da Humanidade.
Pelo Édito de Nantes, assinado na cidade de Nantes a 13 de abril de 1598, por Henrique IV, Rei de França e de Navarra, “ era concedido aos huguenotes a garantia de tolerância religiosa após 36 anos de perseguição e massacres por todo o país, com destaque para o Massacre da noite de São Bartolomeu de 1572”.
Pelo Édito de Fontainebleau, assinado no Château de Fontainebleau, em 23 de outubro de 1685, Luís XIV revogou o Édito de Nantes, “e 87 anos depois, a intolerância religiosa estaria de volta a Bela França e domínios”.
A bem da verdade, o Papa Inocêncio XI e a Cúria Romana foram contra o Edito, mas Luís ignorou o apelo papal, pois sua esposa morganática queria, porque queria, esse decreto real nefasto, para o seu reino.
“Os huguenotes voltaram a ser perseguidos, e com isso a maioria fugiu para o estrangeiro, causando grandes problemas econômicos ao país, problemas esses que só vieram a ser resolvidos na época do Segundo Império Napoleônico, no governo de Napoleão III, de 2 de dezembro de 1852 até 4 de setembro 1870, com o começo da forte industrialização na França”. "
Françoise d'Aubigné, intitulada Marquesa de Maintenon, conhecida como Madame de Maintenon, esposa morganático de Luís XIV, Rei da França e Navarra, por 31 anos, 10 meses e 24 dias, morreu no15 de abril de 1719, na Maison Royale de Saint-Louis, em Saint-Cyr, amada por pouquíssimos e odiadas por muitos e muitos.
A História da Humanidade é prova disso.

A vida de Françoise é a prova viva daquele celebre ditado:
O pior feitor é aquele que já foi escravo.



Cenas Brasileiras
Por Debret


Quem se beneficiou dessa emigração dos huguenotes e seus capitais, sua força de trabalho, sua dedicação a Sã Doutrina, foram os Países Baixos, a Holanda, e por via de consequência o capitalista Estados Unidos da América do Norte.