Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais dos Lusos e seus Rivais
“As armas e os barões assinalados Que, da ocidental praia lusitana, Por mares nunca de antes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram.” — Os Lusíadas, Canto I, estrofe 1
segunda-feira, 8 de junho de 2015
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Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: A Homossexualidade sempre foi usada para aliciar e...: A Homossexualidade sempre foi usada para aliciar espiões. Macaroni - Na Inglaterra dos meados do século 18 era um sujeito jovem e e...
A Homossexualidade sempre foi usada para aliciar espiões.
A Homossexualidade
sempre foi usada para aliciar espiões.
Macaroni - Na
Inglaterra dos meados do século 18 era um sujeito jovem e elegante.
Jovens “que excederam
os limites ordinários da moda, em termos de roupas, alimentação exigente e
jogos de azar”, portanto, que se vestia e até mesmo falavam de maneira excêntrica,
especial. Esses jovens tinham ido para a Itália num “Grand Tour”, e desenvolvido
um gosto muito especial pelo macarrão, um tipo de comida italiana pouco
conhecido na Inglaterra, e na volta fundaram um clube para degustá-lo, o Macaroni
Club.
Em meio aos Macaronis
era fácil aliciar espiões.
A Homossexualidade
sempre foi usada para aliciar espiões.
Meu amigo Alphonsus de Guimaraes costuma dizer que a
epionagem nasceu com a “serpente no Paraiso, afinal ela espionava Adão e Eva”.
Depois Cain espionou Abel e essa espionagem acabou em
um ato de sangue.
Josué madou espiãs para a Terra Promeitda e a maioria
deles teve medo do que viu, só Josué e Caleb foram bons espiões.
Na Antiguidade, Dario, o
Grande, “o terceiro soberano do Império Aquemênida, e que dominou boa parte da
Ásia Ocidental, o Cáucaso, Ásia Central, partes dos Bálcãs
(Bulgária-Romênia-Panônia), regiões do norte e nordeste da África, incluindo o
Egito, a Líbia, o litoral do Sudão e a Eritreia, bem como a maior parte do Paquistão,
as ilhas do Mar Egeu e o norte da Grécia, a Trácia e a Macedônia”, organizou um
corpo de espiões que denominou ‘os olhos e os ouvidos do Rei’ para agir em seu
imenso domínio”.
Em Roma era comum a prática da
espionagem em todas as áreas da sociedade romana.
Júlio César construiu uma rede
de espionagem para saber das conspirações contra ele, mas ela não funcionou e
ela acabou assassinado.
“Na Idade Média, a Igreja
Católica tinha mais poder do que muitos governos. E, obviamente, tinha uma rede
de vigilância poderosa. Um dos comandantes do sistema foi o Bispo francês
Bernard Gui, considerado um excelente escritor e um dos arquitetos da
Inquisição”.
A atividade floresceu na
Renascença.
A Rainha Elizabeth I incumbiu
a Sir Francis Walsingham que criasse e administrasse um corpo de espiões.
O Cardeal-Duque de Richelieu
instituiu de facto o Serviço Secreto
francês.
Os espiões de Richelieu eram
de ambos os sexos, podendo usar do travestismo para melhor cumprir suas funções,
lembrado que se vestir com roupas do sexo oposto era pecado aos olhos da Santa
Madre Igreja de Roma.
Enfim, todos os governantes
tinham seus espiões espionados outros governantes, pela História em todos os
tempos.
Os documentos secretos eram mantidos em gavetas, também,
secretas do bureau real, a única chave para abri-las Luís XV leva pendurada em
seu pescoço.
O Secret du Roi de France.
Os Luíses de Versalhes precisavam de um bom corpo de
espiões e Luís XV resolveu dar um jeito no que herdou de seus antecessores no
Trono de França.
Para tal tarefa convocou Louis-François de Bourbon-Conti,
Príncipe de Sangue, Príncipe de Conti, Conde de La Marche, Marechal de Campo
(1734) Tenente-General (1735), Cavaleiro da Ordem do Espírito Santo, Grão Prior
da França na ordem de São João de Jerusalém, para organiza-lo a partir do final
de 1752, a princípio para colocar esse ambicioso Príncipe de Sangue no Trono da
Polônia.
Curiosidade em 1760, ele comprou em Vosne-Romanée, em
Côte-d'Or, na Borgonha, um vinhedo que leva o seu: “La Romanée Conti”, e produz
um vinho mítico e um dos mais caros do mundo, o Romanée-Conti, e não se tornou
Rei da Polônia, ao meu ver fez melhor negócio.
Depois, Luís XV nomeou a Jean Pierre Tercier com uma
incumbência maior, ou seja, de “supervisionar os vários departamentos dos
Negócios Estrangeiros”.
A seguir nomeou ao embaixador Charles-François de Broglie,
Conde de Broglie, Marquês de Ruffec, cavaleiro da Ordem do Espírito Santo (Versalhes,
02 de fevereiro de 1757), tenente-general (1760), comandante do Franche-Comté (1761),
governador de Saumur (1770), primeiro coronel dos Granadeiros da França.
Como qualquer Serviço Secreto
“ o Secret du Roi” tentou influenciar as políticas de outros Estados Soberanos
na Europa.
Us et coutumes à la cour de Versailles (Usos e costumes da Corte de
Versalhes), ou Étiquette à la cour de France (Etiqueta na corte da França), a famosa
Corte dos Luíses, os Reis de França,
O introdutor dessa Regra de
Etiqueta foi Louis Dieudonné, Luís XIV, que dançava Ballet vestido de Sol
resplandecente, ante uma Corte embasbacada.
O Sol Radiante
Na moda:
A moda masculina se modificava
mais do que a moda feminina.
Os homens chegavam a usar
falsos quadris, ombreiras, enchimentos para diversos para disfarçar qualquer
tipo de deficiência física, como falsas panturrilhas sob as meias, laços e
laçarotes de fitas coloridas, perucas e postiches, e sapatos de saltos altos,
Monsieur frère unique du Roi, Fils de France, lançou a moda dos saltos (tacões)
vermelhos para a realeza, enfim o homem se enfeitava como um pavão e se
pavoneava para valer com seus jeitos e trejeitos adamados.
“Durante muito tempo, as
mulheres eram vestidas por alfaiates que faziam as roupas dos homens, mas
Madame Villeuneuve e Madame Charpentier acabaram se impondo, e aí a relação
mudou com os alfaiates masculinos”.
“ As toilettes femininas,
também, passaram a ter riquezas, ostentação com brocado de ouro, damasco,
cetim, veludo, todos sobrecarregados com rendas, passamanarias, de
prétintailles (uma faixa de tecido usada como ornamento para a roupa feminina),
todas usando espartilhos”.
“Os penteados se tornaram
verdadeiras obras de arte”.
“ A mantilha era usada, e o
acessório que se tornou indispensável, foi a mosca, "pequeno círculo de
tafetá ou veludo negro, que podiam ser colocadas em vários locais do rosto, e,
assim, revelar algum aspecto do carácter da dama que usava, todavia, os homens,
também, usavam as moscas”.
“Haviam as luvas, lenços
tafetá com rendas, laços, e mascaras de cetim na maioria da vez de cor preta”.
“ Tantos os homens, como as
mulheres, abusavam da maquiagem, principalmente aquelas que deixavam o rosto
muito branco, lívidos, e a partir de 1673, todos usavam “rouge”, que era a
marca dos aristocratas, nas bochechas”.
“Colocar Fard, ou seja,
maquiagem embaixo dos olhos significava o símbolo do amor, mas também de
adultério, isso na ótica de Luís XIV”.
Nessa Corte de Versalhes, que
lanço moda para o mundo civilizado de então, que ambos os sexos assim se vestiam
e se maquiavam exageradamente, os modos maneiros, o maneirismo se tornava indispensável.
Significado de Maneirismo: É a
gesticulação artificial, exagerada ou ritualística de movimentos corporais,
empregada de maneira especial “à la cour de Versailles”, na Corte dos Reis de
França.
Isso tudo segundo Jean-François
Solnon, historiador francês, nascido em 1947 em Lons-le-Saunier, Doutor em
História e Doutor em Letras, professor de história moderna na Universidade de
Besançon, especialista no Ancien Régime (no Antigo Regime em França), no
Império Otomano, ele é o autor de uma dúzia de ensaios e biografia históricas e
vencedor de vários prêmios.
E Jacques Levron, Jacques Georges
Philippe Marie, Archiviste honoraire, Professeur honoraire, em seus “ La cour
de Versailles aux XVIII et XVIII siècles, Hachette, 1965 (rééd 1996), e Les
Inconnus de Versailles, Tempus Perrin, 1968 (rééd 2009).
Em todas as gerações da Humanidade
nasceram mulheres feias com cara de homem, e homens bonitos com cara de mulher.
Veremos dois quadros demonstrativo
a seguir:
Assim, ficava fácil, até a
Revolução Francesa, período em que a moda mudou muito, um homem se passar por
mulher e uma mulher se passar por um homem, muito fácil mesmo.
Esse foi o caso do Chevalier
d’Eon.
“Charles, chevalier d’Éon de Beaumont,
(born Oct. 5, 1728, Tonnerre, Fr.—died May 21, 1810, London), French secret
agent from whose name the term “eonism,” denoting the tendency to adopt the
costume and manners of the opposite sex, is derived.
His first mission was to the
Russian empress Elizabeth in 1755, on which he seems to have disguised himself
as a woman. After good service as a dragoon captain, he went to London in 1762,
with the Duc de Nivernais (Louis Jules Mancini). On returning to Versailles
with the Treaty of Paris ratified (1763), he received the cross of St. Louis.
Sent back to London ... (100 of 294 words)
Encyclopædia
Britannica
Tradução Livre do acima em ingles:
“Carlos, Cavaleiro d'Eon de
Beaumont (nascido em 05 de outubro de 1728, Tonnerre, França, morreu em 21 de
maio de 1810, Londres), agente secreto francês de cujo nome deriva o termo "eonismo"
, denotando a tendência para adotar o vestir e ter as maneiras do sexo oposto.
[ Eonistas são pessoas que valorizam
o sentido de disfarçar-se, de "passar" como se fosse do sexo feminino].
Sua primeira tarefa foi junto a Imperatriz russa Elizabeth em 1755 ,
disfarçado de mulher. Depois desse bom serviço ele foi enviado para Londres em
1762 como Capitão dos Dragões , com o Duque de Nivernais (Louis Jules Mancini).
Ao retornar a Versalhes com o Tratdo de Paris ratificado (1763), ele recebeu a cruz de
St. Louis. Enviados de volta a Londres ... (100 de 294 palavras)
Encyclopædia Britannica
http://global.britannica.com/
Charles, chevalier d’Éon de
Beaumont, dressed as a woman, soft-ground etching, 1791.
Library of Congress,
Washington, D.C. (Digital File Number: cph 3c01757)
Tradução livre:
Charles, chevalier d'Eon de
Beaumont, vestido de mulher, gravura de 1791.
Biblioteca do Congresso,
Washington, DC (Número do Arquivo Digital: cph 3c01757)
Isso posto, vamos ao Chevalier d’Eon.
Charles-Geneviève-Louis-Auguste-André-Timothée d'Éon de
Beaumont, era filho de Louis d'Eon de Beaumont, advogado e diretor dos domínios
do Rei, prefeito de Tonnerre e sub-delegado do Intendente do généralité de
Paris, portanto da pequena Nobreza de Robe.
A mãe de d'Eon, Françoise de Charanton, era a filha de um Comissário
Geral para os exércitos das guerras de Espanha e Itália, portanto ricos
burgueses.
Charles-Geneviève prossegue seus estudos no collège
Mazarin, em Paris, e obtém o Diploma nas disciplinas de direito civil e
canônico, logo se matriculou como advogado no Parlamento de Paris, em 22 de
agosto de 1748.
Excelente cavaleiro e esgrimista, chamou atenção de todos
e com isso criou um ótimo círculo de relações, entre essas pessoas estava o Príncipe
de Conti, primo do rei Louis XV que nomeou censor real para História e Belles
Lettres- D’ Eon havia escrito e publicado
várias “Considérations historiques et politiques, ou Considerações Históricas e
Políticas, muito ao gosto do Príncipe de Sangue.
“ Segundo a lenda, d’Eon, vestido como uma mulher, teria
sido notado pelo Rei em baile de máscara, e diante de tal versatilidade foi
recrutado para “ Le Secret du Roi “, o “cabinet noir “, gabinete preto, de onde
Luís XV implementava sua política paralela, extraoficial.
Em sua primeira missão foi junto a Imperatriz Elizabeth
de Todas as Rússias, d'Eon estava disfarçado como Madame Lea de Beaumont, e
serviu como uma dama de honra para a Imperatriz.
D'Eon voltou para a França em outubro de 1760, e lhe foi
concedida uma pensão de 2.000 libras como recompensa pelos bons serviços na
Rússia.
A seguir, foi nomeado Capitão de Dragões sob o comando do
Marechal de Broglie e lutou nas ultimas fases da Guerra dos Sete Anos, sendo
ferido Ulstrop, na Batalha de Villinghausen, de julho de 1761.
Louis-Jules Barbon Mancini-Mazarin, Duque de Nevers,
diplomata e escritor francês, membro da Academia Francesa, foi nomeado como
negociador em Londres do Tratado de Paris, ou o Tratado de 1763, assinado em 10
de fevereiro de 1763 pelos representantes do Rei da Grã-Bretanha, da França, da
Espanha, e de Portugal, como observador, após a vitória da Grã-Bretanha sobre a
França e Espanha durante as Guerra dos Sete Anos.
Na embaixada como Ministro Plenipotenciário estava o
Chevalier d'Eon, o segundo em comando, com 1.000 libras de renda, e que na
realidade era o estrategista das negociações, tendo inclusive já levado para a
capital inglesa documentos preparatórios para o tratado.
Segundo consta d'Eon executou tão bem o serviço a ele
encarregado que foi premiado com mais de 6.000 libras, além de ser condecorado
com l’Ordre royal et militaire de Saint-Louis, a Ordem Real e Militar de São Luís,
no dia 30 de março 1763, em cerimônia no Palácio de Versalhes.
A Ordem tinha três classes:
1- Cavaleiro,
2- Comandante;
3- Grã-Cruz.
E d’Eon recebeu a de primeira classe, foi feito
Chevalier, Cavaleiro.
Com isso o filho dos ricos burgueses, o plebeu, se tornou
membro da nobreza de França como Chevalier d'Eon, já que muitos nobres de nascença
portavam tal Título.
Na brumosa Londres d’Eon organizou uma rede de agentes
secreto para o Rei de França, inclusive com membros da nobreza britânica, com
destaque seu assessoramento a François Louis Carlet de la Roziere, Marquês de
La Rozière, que estava inspecionando as defesas costeiras britânicas, para
elaborar um plano de invasão a Inglaterra pela França.
D’Eon sabendo que essa era uma ideia do próprio Rei,
colheu o mais que pode informações e documentos, para usá-lo em tempos das
vacas magras, pois nunca se sabe o que pensam os Soberanos, um dia eles nos
adulam, noutro nos jogam as feras, ou no calabouço, no caso a Bastilha.
E a vida continuou.
Com a volta do Duque de Nevers para Versalhes, D’Eon se tornou
o embaixador, o chefe da missão diplomática do Rei de França, e essa embaixada
se tornou esplendorosa, magnificente, regada aos melhores vinhos produzidos nos
vinhedos da Borgonha, para gaudio dos ingleses.
Por razões que a própria razão desconhece, Claude Louis
François Régnier de Guerchy, Conde de Guerchy, Marquês de Nangis, Barão de
Guierche, que começou um trabalho de espionagem, a seara de d’Eon, que não
gostou nada e entrou em guerra aberta contra o novo embaixador.
Além do que havia o problema da vaidade, pois com a
chegada do Embaixador – Conde, de maior rango de nobreza e nomeado para o lugar
que d’Eon ocupava – o Chevalier foi rebaixado, passando a ser o quarto em
comando, abaixo do Marquês de Blosset, substituto direto da pessoa do embaixador,
e dos secretários Leboucher e Bontemps.
Ficou furioso e jurou vingança.
Haviam dois partidos me disputa na Corte de França:
De um lado: Madame de Pompadour, maitresse-em-titre du
Roi, Étienne-François, Duque de Choiseul, Secretário de Estado para os Negócios
Estrangeiros tenente-general dos exércitos do Rei, considerado o verdadeiro
"vice-rei da França", mais César Gabriel de Choiseul, Duque de
Praslin, entre outros.
Do outro lado: A família de Broglie, com Charles-François
de Broglie, Marques de Ruffec, e seu irmão, Victor François de Broglie, segundo
duque de Broglie e Marechal de França, entre outros.
E d’Eon não sabia como agir, até ver negado o seu pedido
de pagamento das dividas contraídas quando era embaixador por Étienne-François,
Duque de Choiseul, Secretário de Estado.
Ficou mais furioso ainda e continuou jurando vingança.
Há disputa entre de Guerchy e d’Eon continuou sem
quartel.
Uma cena de vaidades foi montada e o Claude Louis
François Régnier de Guerchy, Conde de Guerchy, Marquês de Nangis, Barão de
Guierche, comunicou a Luís XV que
Charles-Geneviève-Louis-Auguste-André-Timothée, Chevalier d'Éon de Beaumont,
tentou envenena-lo.
D’Eon é publicamente renegado pelo Rei, mas no particular
Luís XV, mago em ações duplas, “ tramite segurança e tranquilidade ao
Chevalier, pedindo até que assessore o embaixador”, mais que finório.
A crise estava criada e tanto o Conde de Guerchy, quanto
d’Eon, apelaram para Charles Montagu, Barão de Halifax, com intuito de que ele
defendesse os interesses de cada um de maneira imparcial, inclusive patrocinado
um duelo, mas não tiveram sucesso.
Nesse imbróglio certo Pierre-Henri de Treyssac Vergy, um
aventureiro a soldo do Duque de Praslin, enviado a Inglaterra, junto com um tal
Ange Goudar, para assessorar o Conde de Guerchy em sua guerra aberta redigindo
panfletos contra o Chevalier, mudou de lado e passou apoiar o d’Eon, chegando a
testemunhar a favor desse na ação contra seu antigo empregador, o Conde de
Guerchy.
De Guerchy perde.
Assim, “ velho, doente, muito cansado, sua aposentadoria
é concedida por Luís XV, e em 20 de julho de 1767 deixa definitivamente a Embaixada
do Rei de França junto ao Rei da Grã-Bretanha. Chantageado por Treyssac Vergy
que possuía copias de suas cartas ao Duque de Choiseul, não conseguiu pagar a
quantia pedida, e elas são publicadas. Morreu no ostracismo em Paris no dia 17
de setembro 1767. ”
A embaixada do Conde de Guerchy é considerada como o
epilogo das tristes relações internacionais durante o l’ Ancien Regime.
O que é certo é que o Governo de Sua Majestade Britânica
protegeu d’Eon.
D’Eon sem dinheiro, a pensão do Rei de França foi interrompida,
publicou:
1- Correspondência diplomática sob o
título “Lettres, mémoires et négociations particulières du chevalier d'Eon”
março 1764;
2- Um livro sobre administração
pública, “Les loisirs du Chevalier d'Eon”, que foi publicado em treze volumes
em Amsterdã em 1774
Cautelosos, pois sabiam das cópias sobre o projeto de Invasão
a Inglaterra, “Luís XV concedeu a d'Eon uma pensão anual de 12.000 Libras, mas
recusou pagar suas dívidas em torno de 100.000 libras.
D'Eon continuou a trabalhar como um espião, mas viveu no exílio
político em Londres.
De posse de cartas secretas do Rei, que lhe dava proteção
contra novas ações francesas, Charles-Geneviève-Louis-Auguste-André-Timothée,
Chevalier d'Éon de Beaumont, ou simplesmente chevalier d'Eon não poderia
retornar nunca para a França.
Na Inglaterra se aposta em tudo, “e na London Stock
Exchange foi criada uma sobre o verdadeiro sexo de d'Eon. D'Eon foi convidado a
demostrar seu sexo, mas recusou-se, dizendo que o exame seria desonroso para
ele, e depois de um ano sem progresso, a aposta foi abandonada”.
Tentou passar por mulher, declarou-se hermafrodita,
pintou e bordou.
Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, professor de harpa
de Madames , as quatro filhas do Rei Luís XV , que residem na corte, foi
enviado por Luís XVI para negociar com d’Eon todas as cartas e planos que ele
retinha envolvendo o finado Rei e seus Ministros, além da “Mémoires secrets
d'une femme publique de Théveneau de Morande , dirigé contre la comtesse du
Barry, favorite royale” - Memórias Secretas de um mulher pública de Théveneau
de Morande , contra o Condessa du Barry, favorita real- ultima amante do fogoso
Rei de França morto.
Levou tempos, mas acompanhado de num documento de 20 páginas onde d’Eon assumia certas obrigações, incluso
de se vestir de mulher e passar a se chamar mademoiselle d’Eon, de receber um
anuidade garantida, autorizado a continuar a usar a insígnia da Ordem de
Saint-Louis, e quando a oferta do rei incluiu fundos para um novo guarda-roupa
de roupas femininas, d'Eon concordou, e
o espião do Secret du Roi entregou tudo que o novo Rei de França queria,
Ato continuo Luís XVI acabou com o serviço de “ Le Secret du Roi”, pelo menos oficialmente.
Desafiador D'Eon deixou Londres 13 de agosto de 1777e se
apresenta na Corte de Versalhes com seu uniforme de Capitão dos Dragões.
Luís XVI responde com a cobrança do acordo no que tange suas
obrigações de ser Mademoiselle d’Eon e de vestir com roupas de mulher.
E apresentado a rainha Maria Antonieta com a mais bela
criação de Rose Bertin, La ministre des modes de La Reine, ou seja, a estilista
da Rainha.
D’ Eon se torna o queridinho da capital.
Até que, d’Eon teimou em querer lutar na Guerra da Independência
dos Estados Unidos, como Capitão dos Dragões, nos Exércitos da Marquês de Lafayette,
o que deixou Luís XVI muito furioso, tanto que em 20 de março de 1779 manda prendê-lo,
para depois o exila-lo para a propriedade da família em Tonnerre.
Em 1783, Luís XVI lhe dá permissão para voltar a Paris e
de retomar a Grã-Bretanha, para acertar seus assuntos particulares, já não goza
mais de sua pensão do Rei.
Eclode a Revolução Francesa de 1789, e elle é forçado a permanecer
na Inglaterra.
Na miséria ensina esgrima e vende sua excecional
biblioteca.
Vestido de mulher aceita duelos para ganhar a vida, e é
preso por dividas.
Em agosto de 1796 é ferido gravemente no pulmão, e passa
a viver na mais total miséria, pois está velho, gordo, impedindo de fazer
grandes movimentos, já que estava paralisado após uma queda devido ao ataque
vascular.
Morre vestido de mulher em Londres,21 de maio de 1810,
aos 81 anos de vida.
No necrotério os cirurgiões ficam espantados, pois aquela
senhora é um homem, com um avantajado pênis, mas de acordo com a sua idade.
“O cirurgião Copeland junto com dezessete testemunhas,
membros da Faculdade de Medicina da Grã-Bretanha, fazem o relatório médico-legal,
datado de 23 de maio de 1810:
"Nisto, certifico que examinei e dissecado o corpo
do Chevalier d'Eon na presença do Sr. Adair, o Sr. Wilson, o Padre Elysee, eu encontrei
os órgãos masculinos totalmente treinados e em bom aspecto”, seja isso o que o inglês
quis dizer.
E d’Eon foi enterrado no cemitério da Paroquia de São Pancrácio,
no Condado de Middlesex.
Entretanto, como parece ter sido uma vala comum, pois consta
com tendo sido sepultado em meio a 49 homens e 32 mulheres, todos vestidos, o
local exato não foi até hoje localizado.
Foto Galeria:
Charles-Geneviève-Louis-Auguste-André-Thimothée
d'Éon de Beaumont
dans son
uniforme de capitaine des Dragons
Pierre-Adrien
LE BEAU (1744-1817?) d'après Claude-Louis DESRAIS (1746-1816)
Lyon, Bibliothèque municipale
Mademoiselle
de Beaumont, chevalier d'Éon
Pierre
Adrien LE BEAU (1744-1817?) d'après Claude-Louis DESRAIS (1746-1816) —
Lyon,
Bibliothèque municipale
Sátira do
duelo esgrima entre
" Mr. St. George e Mademoiselle la chevaliere d'Eon de Beaumont "
" Mr. St. George e Mademoiselle la chevaliere d'Eon de Beaumont "
no Carlton
House em 9 de Abril de 1787 .
Gravura
Victor Marie Picot baseado no trabalho original de Charles Jean Robineau
quarta-feira, 13 de maio de 2015
Conversa sobre a Holanda, ou os Países Baixos.
Conversa sobre a Holanda,
ou os Países Baixos.
Porque publiquei dois
capítulos do meu livro, agora em Blog, “Além, No Mar Oceano - Aventuras
Transcontinentais da Humanidade”, http://alemnomaroceano.blogspot.com.br/
, nestas nossas conversas sobre a História?
Porque para escrever esse
livro, eu pesquisei a História da Holanda, história essa que é baseada no
esforço conjunto dos protestantes e dos judeus para a construção de um novo
mundo capitalista, e livre para todos os homens e mulheres de boa vontade.
Vamos continuar:
Judeus celebres na Holanda em
tempos idos:
Abraham Israel Pereyra
(Pereira), “o seu nome antes de deixar a Espanha era Thomas Rodriguez Pereyra,
e foi perseguido pela Inquisição”. Ele era de uma família de marranos em
Madrid, e chegou em Amsterdam, via Veneza, por volta de 1644, com seu irmão
mais novo, Isaac Pereyra”.
“Eles tinham "conseguido trazer
da Península Ibérica a totalidade da sua considerável fortuna e se tornaram uns
dos mais ricos negociantes na Holanda”.
Abraham Israel Pereyra foi
muito dado a obras de pias e de devoção, tanto que em 1659 fundou o yeshibah
Hesed le-Abraão, em Hebron.
“Em 1655 os dois irmãos,
Abraão e Isaac Pereyra, pediram ao governo de Amsterdam permissão para
estabelecer uma refinaria de açúcar na cidade”
"Os Pereyras são
descritos por seus companheiros judeus como comerciantes de riqueza e
influência, que ocuparam um lugar importante na Bolsa de Valores de Amsterdam,
a mais antiga bolsa de valores do mundo, iniciada pelo Dutch East India
Company, em 1602”.
“Durante muitos anos o
presidente da Comunidade Judaica Português em Amsterdã, morreu em Amsterdã em
1699, teve cinco filhos e três filhas. Uma das filhas, Rebeca, era a esposa de
Jacob de Pinto, outra, chamada Rachel, era a esposa de Abraham Cuitiño ".
Fonte: Roth,
Cecil, A Vida de Manassés Ben Israel, o rabino, impressora e Diplomat,
Philadelphia, The Jewish Publication Society of America de 1934.
David de Aaron de Sola - Rabino
e autor (Amsterdam *1796- + 1860)
Jacob Abendana - Rabino, hakham
(sábio) da Sinagoga dos Espanhóis e Portugueses em Londres, e filósofo (Espanha,
1630 – Londres, 12 de setembro de 1695)
Isaac Abendana (Espanha, ca.
1640 – Londres, 1710) foi o irmão mais novo de Jacob Abendana, e tornou-se
hakham (sábio) da Sinagoga dos Espanhóis e Portugueses em Londres depois da
morte de seu irmão.
Meu favorito:
Isaac Aboab da Fonseca, o primeiro
Rabino nomeado das Américas, “seus pais eram marranos, judeus que tinham sido
convertidos à força ao cristianismo -Rrabino,
cabalista, erudito, escritor, nasceu em Castro Daire, hoje no distrito de
Viseu, região Centro e sub-região do Dão-Lafões, 01 de fevereiro de 1605”.
Foi uns dos anciãos na
comunidade Português-israelita nos Países Baixos que excomungou Baruch Spinoza
pelas declarações deste filósofo feitas a respeito da natureza de Deus.
“Na idade de dezoito anos, foi
nomeado Chacham para Beth Israel, uma das três comunidades sefarditas que
existiam em Amsterdam”.
“ Em 1642, Aboab da Fonseca
foi nomeado Rabino na Sinagoga Kahal Zur Israel, na então colônia holandesa de
Pernambuco (Recife ocupada pelos holandeses em 1624), no Brasil. A maioria dos
habitantes europeus da cidade após a ocupação holandesa eram judeus sefarditas,
originalmente de Portugal, mas que tinha emigrado primeiro a Amsterdam devido à
perseguição pela Inquisição Portuguesa”.
“ Alguns membros da Comunidade
Israelita de Pernambuco, emigraram para a América do Norte e estavam entre os
fundadores da Cidade de Nova York”.
“ De volta a Amsterdam, Aboab
da Fonseca foi nomeado Rabino-chefe para a comunidade Sefardita, e durante esse
período a comunidade prosperou, tanto que a Sinagoga Portuguesa de Amsterdam, a
Esnoga, foi inaugurado no dia 02 de agosto de 1675 (10 Av 5435) ”.
“ Isaac Aboab da Fonseca
morreu em Amsterdam, no dia 4 de abril de 1693, com a idade de 88”.
Adoraria tê-lo conhecido.
Retrato do rabino
Isaac Aboab da Fonseca.
Palavras exatas
que estão no Livro:
"Este trabalho é uma tradução do Pentateuco em
espanhol, com um comentário por Isaac Aboab da Fonseca Ele estava preparado
para judeus em Brasil holandês, que por causa de sua herança ibérica seria
capaz de ler em espanhol. O retrato é do comentarista, Aboab da Fonseca, que
não foi apenas o primeiro Rabino no Brasil, mas também o primeiro Rabino para
vir para a América. "
Manassés ben Israel, Menasheh
ben Yossef ben Yisrael – “nasceu em Ilha da Madeira em 1604, com o nome de
Manoel Dias Soeiro, um ano depois que seus pais haviam deixado continente
Portugal por causa da Inquisição. A família se mudou para a Holanda em 1610”.
“Ele estabeleceu a primeira
imprensa hebraica na Holanda, e um de seus primeiros trabalhos, El Conciliador,
publicado em 1632, fez com que ele adquirisse uma grande reputação ”.
“ Em 1638, ele decidiu se
estabelecer no Brasil, e ele pode ter visitado a capital da colônia holandesa
de Recife, mas nela não se fixou”.
Uma das razões foi que sua
situação financeira melhorou em Amsterdam, já que os irmãos Abraão e Isaac
Pereyra, o contrataram para dirigir uma pequena Yeshivá (em judeu-português:
Jessibá) que haviam fundado na cidade para estudo da Torá e do Talmud.
Rabino, influente na
readmissão dos judeus na Inglaterra e sua introdução nos demais domínios do nascente
Império Britânico.
Manassés ben Israel foi o
autor de muitas obras muito importantes para o judaísmo.
“A esposa de Manassés, Rachel,
era uma neta de Isaac ben Judah Abravanel, judeu português conhecido
como Abravanel, estadista, filósofo, comentarista da Bíblia, financista, e
que segundo a Lenda tinha ascendência Davídica.
Manassés e Rachel tiveram três
filhos.
a- Samuel
Abravanel Soeiro, também conhecido como
Samuel Ben Israel, que trabalhou como impressor e ajudou seu pai com matérias
em Inglaterra.
b- Joseph,
morreu aos 20 anos, em 1650, em uma viagem de negócios desastroso para a Polónia.
c- Gracia,
nascida 1628, que se casou com Samuel Abravanel Barboza em 1646, e morreu em
1690.
Faleceu em Midelburgo, no sudoeste
dos Países Baixos, hoje capital da província da Zelândia, no dia 20 de novembro
de 1657.
Manassés ben Israel, Menasheh ben Yossef ben Yisrael
morreu muito satisfeito da vida, pois segunda a lenda a família de sua esposa
Rachel, os Abravanel, descendia do Rei Davi, e com isso seus filhos tinha uma
Grande Linhagem, uma ascendência Davídica. Fonte: Roth, Cecil, A Vida de Manassés Ben
Israel, o rabino, impressora e Diplomat, Philadelphia, The Jewish Publication
Society of America de 1934
Portrait of
Menasseh Ben Israel
by Rembrandt
Balthazar Orobio Alvares de
Castro, no judaísmo Isaac Orobio de Castro - filósofo, médico e apologista (nascido
em Bragança, Portugal, em 1617, e falecido em Amsterdam, no ano de 1687. Sua
esposa, Esther, faleceu na mesma cidade no dia 05 de julho de 1712), médico de
Duque de Medinaceli, denunciado à Inquisição, fugiu para Toulouse, França, em
cuja universidade lecionou medicina, recebendo honras de Luís XIV. Não satisfeito
emigrou para a comunidade Sefardita de Amsterdam em 1662.
Baruch Spinoza, filosofo e
artesão - (para os pais era Bento, em hebraico: ברוך
שפינוזה, traduzido
para Baruch Spinoza , portanto Baruch para
os judeus de Amsterdam, como Benedictus assinou sua Ethica, depois “ do o chérem,
equivalente hebraico da excomunhão católica, pelos seus postulados a respeito
de Deus em sua obra, defendendo que Deus é o mecanismo imanente da natureza, e
a Bíblia, uma obra metafórico-alegórica que não pede leitura racional e que não
exprime a verdade sobre Deus “ passou a assinar Benedito Espinoza,) –
de uma família judaica de origem portuguesa, nasceu Amsterdam, no dia 24 de
novembro de 1632, e faleceu em Haia no dia 21 de fevereiro de 1677, foi um dos
grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna,
juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz.
O banimento, em português de Spinoza (sic):
"Os Senhores do
Mahamad [Conselho da Sinagoga] fazem saber a Vosmecês: como há dias que tendo
notícia das más opiniões e obras de Baruch de Spinoza procuraram, por
diferentes caminhos e promessas, retirá-lo de seus maus caminhos, e não podendo
remediá-lo, antes pelo contrário, tendo cada dia maiores notícias das horrendas
heresias que cometia e ensinava, e das monstruosas ações que praticava, tendo
disto muitas testemunhas fidedignas que deporão e testemunharão tudo em
presença do dito Spinoza, coisas de que ele ficou convencido, o qual tudo
examinado em presença dos senhores Hahamim [conselheiros], deliberaram com seu
parecer que o dito Spinoza seja heremizado [excluído] e afastado da nação de
Israel como de fato o heremizaram com o Herem [anátema] seguinte:
Com a sentença dos
Anjos e dos Santos, com o consentimento do Deus Bendito e com o consentimento
de toda esta Congregação, diante destes santos Livros, nós heremizamos,
expulsamos, amaldiçoamos e esconjuramos Baruch de Spinoza [...] Maldito seja de
dia e maldito seja de noite, maldito seja em seu deitar, maldito seja em seu
levantar, maldito seja em seu sair, e maldito seja em seu entrar [...] E que
Adonai [Soberano Senhor] apague o seu nome de sob os céus, e que Adonai o afaste,
para sua desgraça, de todas as tribos de Israel, com todas as maldições do
firmamento escritas no Livro desta Lei. E vós, os dedicados a Adonai, que Deus
vos conserve todos vivos. Advertindo que ninguém lhe pode falar bocalmente nem
por escrito nem lhe conceder nenhum favor, nem debaixo do mesmo teto estar com
ele, nem a uma distância de menos de quatro côvados, nem ler Papel algum feito
ou escrito por ele."
“Os judeus, perseguidos por
toda Europa na época, especialmente pelos governos ibéricos e luteranos
alemães, haviam recebido abrigo, proteção e tolerância dos protestantes de
inspiração calvinista dos Países Baixos e, assim, não poderiam permitir no seio
de sua comunidade um pensador tido como herege”.
Era óbvio já que a Bíblia é a
Palavra de Deus escrita, e a Bíblia é o livro fundamento da Fé Calvinista.
Spinoza “morreu em um domingo,
21 de fevereiro de 1677, aos quarenta e quatro anos, vitimado pela tuberculose.
Morava então com a família Van den Spyck, em Haia. A família havia ido à igreja
e o deixara com o amigo Dr. Meyer. Ao voltarem, encontraram-no morto. Encontra-se
sepultado em Nieuwe Kerk churchyard, Haia, no Países Baixos”.
Obras escritas em latim:
Ética demonstrada à maneira
dos geômetras (Ethica Ordine Geometrico Demonstrata) - iniciado em Rijnsburg e
finalizado em Haia. Conteúdo:
Primeira parte: Deus
Segunda parte: A
natureza e a Origem da Mente.
Terceira parte: A
Origem e a Natureza dos Afetos.
Quarta parte: A
Servidão Humana ou a Força dos Afetos.
Quinta parte: A
Potência do Intelecto ou a Liberdade Humana.
Escritos em holandês:
Um breve Tratado
sobre Deus e o Homem (foi um esboço da Ética).
Diversos:
Tratado Político
(depois incluído na Ética)
Tratado do Arco-íris
Tratado da correção
do Intelecto (De Intellectus Emendatione) - Ensaio
Princípios da
Filosofia Cartesiana ("No apêndice, -Pensamentos metafísicos- Espinosa
revela seu afastamento cada vez maior em relação a várias teses de Descartes,
embora pareça apenas servir-se do cartesianismo para refutar a
escolástica." - Espinosa, Livres Pensadores, Coleção)
Tratado sobre a
Religião e o Estado (Tractatus theologico politicus) ou "Tratado Teológico-político"
Retrato de Baruch
de Spinoza
1665
Foram esses homens, com suas famílias,
com seus irmãos e amigos, que contribuíram com os da Casa de Orange para o desenvolvimento
da Holanda, dos Países Baixos.
Continua....
Rei, esposa morganática, & emigração protestante.
Rei, esposa morganática,
& emigração protestante.
As Casas Reinantes na antiga Europa eram por demais
fecundas.
Raros eram os Soberanos que não tinham Herdeiros para
seus Tronos.
Um ou outro porque era estéril, ou sua esposa era.
Contudo, havia sempre uma penca de irmãos, de sobrinhos,
de onde podiam sacar um novo Herdeiro para a Coroa.
Em alguns casos havia a Tradição da Lei Sálica e como
sempre a Historia acabava em Guerras entre os aspirantes ao Trono.
Mais, havia os que eram dados, até por demais, aos
prazeres da carne, verdadeiros ‘atletas do sexo’.
Essa condição de garanhão, na linguagem popular, era um
grande contrassenso, afinal eles eram Soberanos por Direito Divino segundo a
Tradição da Igreja e ela ensina que só se deve ter relações sexuais com o
intuito de procriar dentro do casamento realizado no seio da chamada Santa
Madre Igreja, mas vamos lá, cada cabeça que tenha a sua sentença.
Um bom exemplo é o nosso Luiz XIV, Rei de França e de
Navarra, Majestade Cristianíssima, ‘de la maison de Bourbon de la dynastie capétienne’.
Só uma curiosidade:
Louis Dieudonné, nome que quer dizer ‘o presente de
Deus’, era um daqueles que não gostava de tomar banho, e só como medicamento
tomou três na vida.
Fagon, seu médico, descreve o resultado do’ tratamento
por banho’ que ele receitou para Sua Majestade:
“O paciente passou por tremores, ataque de fúria,
movimentos convulsivos...seguidos de erupções, manchas vermelhas e roxas no
peito”. Fonte: ‘Journal de la Sante du Roi Louis XIV (1647-1771) de A. d’Aquin,
GCFagon, a. Vallot. Paris 1862.
Semivestido ele usava a ‘retrete’ – uma cadeira com
pinico- na frente de membros da Família Real, de Monsieur, dos Príncipes de
Sangue, dos Duques e dos Altos Dignitários ‘de la Cour à Versailles’, dos
médicos, dos serviçais, etc. e tal.
Como sofria de prisão de ventre era fã das lavagens
intestinais, nas quais eram utilizadas cânulas e seringas, e as ‘tomava’ na
frente do seleto grupo já citado.
Necessidades feitas, um camareiro o limpava por três
vezes com paninhos cortados para tal fim, não existia papel higiênico, nem era
levado um bidê para Sua Majestade se lavar, donde podemos concluir que não era
lá muito higiênico tal ato, e que de cheiroso não tinha nada.
Além do que Luís de Bourbon-Capeto suava demais, tinha
que viver trocando de ‘roupa branca’, pelo menos quatro vezes por dia, por
isso, e só por isso, era considerado um homem limpo, pois naquela época se
acreditava’ na roupa branca que limpa’.
É claro que já se tinha o perfume, mas não existia o
desodorante, donde se conclui que devia ter um cheiro de çeçe que não devia ser
‘bolinho’, alias Luís era alérgico a perfume, detalhes abaixo.
Diariamente cinco médicos vinham ver o Rei, foram eles Jacques
Cousinot, François Vautier, Antoine Vallot, Antoine de Aquino, Guy-Crescent
Fagon até a morte do rei, todos usando e abusando das sangrias e das lavagens
intestinais, as purgas com os terríveis clisteres, 5.000 em 50 anos de vida,
pois era purgado todos os dias.
Com seu ânus sangrava devido as hemorroidas, vivia usando
emplastros ou pomadas para evitar maiores sangramentos.
Uma purga no
século XVIII.
Museu Nacional do Azulejo,
Lisboa
Luís tinha um forte mau hálito por causa de seus
problemas dentários, tanto que para falar com suas amantes, ele colocava um
lenço perfumado na boca, mas como era alérgico a perfume, só suportava o de
Flor de Laranjeiras, isso segundo seu dentista Dubois.
Luís teve e tinha:
1- Varíola em 1647.
2- Problemas
estomacais e disenteria, doenças dolorosas e crônicas, devido a seus hábitos alimentares.
3- Tumores:
um no mamilo direito cauterizado em janeiro 1653.
4- Gonorreia
desde da mocidade: mantido em segredo.
5- Vapores
na cabeça (forte dor de cabeça) e dor nas costas – coluna- frequente.
6- Espinhas
por toda a face e outras partes do corpo.
7- Gangrena,
que iniciou nos dedos do pé, já perto da morte.
8- Febres.
9- Dor de dente, os seus dentes lado superior
esquerdo foram cauterizados várias vezes a picos de fogo (para suportá-lo
líquidos eram introduzidos através do nariz).
10- Fístula
anal que será operada pelo cirurgião Felix, em novembro 1686.
11- Problemas
urinários: cálculos renais o que fazia com que ele tivesse uma micção dolorosa.
12- Gota:
ataques insuportáveis no pé direito e no tornozelo esquerdo, considerada por
todos como “ uma verdadeira tortura”.
Luís XIV sofria tanto das hemorroidas que em pleno século
XVIII sofreu uma intervenção cirúrgica para extirpá-las.
Essa operação era tão delicada que o Clero de toda a
França foi convocado a rezar para o seu bom sucesso.
Não fiquem surpresos, mas aquele que se igualava ao SOL,
pedia as pias senhoras, ou senhoritas, aos padres e aos nem sempre austeros
monges, que intercedesse ao Deus dos Cristãos, dos Judeus e dos Huguenotes,
esse último povo e pessoas aquém tanto odiava, que o salvasse de todos os
males.
Madame de Maintenon, esposa morganática do Monarca,
escreveu aos responsáveis em Saint-Cyr da Maison Royale de Saint-Louis, uma Instituição
fundada por Louis Dieudonné a seu pedido para educar filhas de nobres e que era
dirigida por freiras, apesar de a Escola não ser convento, o seguinte:
« ...mas o Rei se portou muito bem é muito corajoso’.
Como podemos ver se salvou, mas eu acredito que o
‘cheirim’ continuou, pois, a descrição de sua morte prova o que agora escrevo.
Mas apesar disso TUDO, Sua
Majestade era o que chamamos de ‘ o garanhão’, não podia ver uma nova jovem da
nobreza na Corte que já arrastava, como um bom ‘coq gauloise’, um galo gaulês,
as suas asas.
Amante teve várias, a Grande
Historia fala delas.
Filho bastardo os teve muitos
e a todos legitimou.
E foi por causa “des les
enfants légitimes du roi de France” que a já citada, Françoise d’Aubigné, viúva
do poeta burlesco, o paralitico Paul Scarron, com quem casou pobre e aos 16
anos por sobrevivência, e ficou casada de 1652 a 1660, nascida em 27 de
novembro 1635, na prisão de Niort, onde seu pai foi preso por ordem do
Cardeal-Duque de Richelieu.
Ela era filha de Constante
d'Aubigné, outro debochado, “ que assassinou sua primeira esposa com seu amante
em 1619”, e de sua segunda esposa Jeanne Cardilhac.
Constante d'Aubigné era filho
de Theodore Agrippa d'Aubigné, um calvinista intransigente, famoso poeta e
amigo de Henrique IV, Rei de França e de Navarra, aquele que dize “ Paris vale
uma missa”.
Agrippa d'Aubigné ficou
conhecido graças a sua obra Les Tragiques, onde as Guerras da Religião são
contadas, bem como as perseguições aos huguenotes, bem como “a punição dos
conspiradores de Amboise e o Massacre de São Bartolomeu”.
“Após a morte de Richelieu, a
família foi para as Antilhas francesas, onde d'Aubigné foi nomeado governador
de Marie-Galante, embora ele e sua família permanecessem na Martinica.
D'Aubigné retornou para a França por volta de 1645, quase na miséria, e morreu
em 1647. Sua esposa e filhos retornaram à França do mesmo ano”.
Vida nada fácil da pequena
huguenote, mas podia ter sido pior.
Na volta da Martinica, a irmã
de seu pai, Louise Arthemise d’Aubigné, ou Madame de Villette, fervorosa
calvinista, deu mais uma vez abrigo a Françoise em seu Château de Mursay, em
Deux-Sèvres, hoje na região Poitou-Charentes .
“ Sua madrinha, Madame de
Neuillant, uma fervorosa católica, pediu a Rainha-mãe Ana da Áustria uma lettre de cachet para que ela cuidasse
de Françoise e que, também, a permitisse praticar o catolicismo, e assim
abjurar a Fé calvinista. A moçoila foi para num convento das Ursulinas, e “onde,
graças à doçura e carinho de uma freira, a Irmã Celeste, a menina finalmente
cedeu calvinismo. Agora católica passou a acompanhar sua madrinha, Madame de
Neuillant, nos Salões Literários parisienses”.
Num deles conheceu seu grande
instrutor, Antoine Gombaud, chevalier de Méré, um escritor que a apelidou de «
la belle Indienne », a Bela Indiana, pois a Martinica ficava nas Índias
Ocidentais francesas, e oficialmente ela tinha vindo de lá.
Le poète Paul
Scarron, premier mari de Françoise d'Aubigné
Paul Scarron morreu e só
deixou dividas, mas ela, com ele, adquiriu grande cultura.
Pensionista do Rei, ganhava
uma pensão de 2.000 libras, mais uma vez por favor da Rainha-mãe Ana da Áustria.
E por três anos foi amante de Louis
de Mornay, Marquês de Villarceaux, que a pintou desnuda.
Portrait de
Françoise d'Aubigné,
par le marquis de
Villarceaux
entre 1663 e 1664
Através de César Phébus
d'Albret, chevalier des ordres du roi, Marechal de França, e outros Títulos,
conheceu a prima desse, a famosa Maîtresse-en-titre du Roi, Françoise Athénaïs
de Rochechouart de Mortemart, ou seja, Madame de Montespan, mãe “des les
enfants légitimes du roi de France”, a saber:
Luís Auguste de
Bourbon, Duque de Maine, casado com Anne Louise Bénédicte de Conde;
Luís César de
Bourbon, Conde de Vexin, abade de Saint-Germain-des-Prés;
Louise Françoise de
Bourbon, Mademoiselle de Nantes, casou com Luís III de Bourbon-Condé, Duque de
Bourbon, sexto Príncipe de Conde;
Louise Marie Anne de
Bourbon, Mademoiselle de Tours;
Françoise Marie de
Bourbon, o segundo Mademoiselle de Blois, que se casou com Felipe d´Orleans,
futuro Regente durante a minoridade de Luís XV;
Louis Alexandre de
Bourbon, Conde de Toulouse.
Bonne de Pons, Marquesa d’Heudicourt,
nascida protestante, como Madame de Maintenon, mas abjurou e se converteu ao
catolicismo por conveniência, sobrinha do Marechal d'Albret, foi quem sugeriu Françoise
d’Aubigné para governanta dos filhos legitimados do Rei Sol.
“A desgraça progressiva de
Madame de Montespan, comprometida no caso dos venenos, nas missas negras, na
magia barata, fez com que Françoise d’Aubigné se tornasse sua grande rival”.
E Françoise, née d’Aubigné,
acabou casando com Luís Dieudonné.
Foi numa cerimonia privada, à
noite, celebrada por François de Harlay de Champvallon, Arcebispo de Paris, na
presença do Père La Chaise, confessor do Rei, do Marquês de Montchevreuil, de Claude,
Conde de Forbin-Gardanne (Chevalier de Forbin), e Alexandre Bontemp, valet do
Rei.
Nenhuma documentação oficial
do casamento existe, mas que ela ocorreu, no entanto, é aceito pelos
historiadores e biógrafos. A data é incerta pode ser na noite de 9 para 10 de
outubro de 1683 ou qualquer noite de janeiro 1684.
Pelo sim, ou pelo não, se
conta que essa união morganática durou de 9 de outubro de 1683 até 1 de
setembro de 1715, portanto 31 anos, 10 meses e 24 dias, tempo esse usado por Françoise
d’Aubigné para aumentar sua influência sobre Luís, Le Grand, daquele que afirmava
“o Estado sou Eu”, de ‘le Roi Soleil”, do Vigário de Cristo na Terra, após a
Sagração com os Santos Óleos, da divindade visível pela Doutrina do Direito
Divino dos Reis.
Sua influência sobre Luís XIV
era tanta que ela « criou » uma nova Era de rigor e devoção católico-romana, a
ponto de la Princesse Élisabeth-Charlotte, Madame e Duquesa de Orleans, por seu
casamento com Felipe, Monsieur le frère unique du Roi, lamentou o espírito de
fanatismo que tinha se abatido sobre todos os frequentadores da Corte no Palácio
de Versalhes, e de que nada mais era divertido durante " o reinado de
Madame de Maintenon ".
Luís XIV em trajo
de Coroação.
Como ela tinha grande poder
sobre o Rei Sol, um sol já no poente, sua participação foi decisiva, tanto na
revogação do Edito de Nantes, quanto na publicação do Edito de Fontainebleau.
E em sendo assim, culpada pelo
massacre de seus ex- irmãos, huguenotes ou protestantes, nas História de França
e, porque, não dizer, na da Humanidade.
Pelo Édito de Nantes, assinado
na cidade de Nantes a 13 de abril de 1598, por Henrique IV, Rei de França e de Navarra,
“ era concedido aos huguenotes a garantia de tolerância religiosa após 36 anos
de perseguição e massacres por todo o país, com destaque para o Massacre da
noite de São Bartolomeu de 1572”.
Pelo Édito de Fontainebleau,
assinado no Château de Fontainebleau, em 23 de outubro de 1685, Luís XIV revogou
o Édito de Nantes, “e 87 anos depois, a intolerância religiosa estaria de volta
a Bela França e domínios”.
A bem da verdade, o Papa
Inocêncio XI e a Cúria Romana foram contra o Edito, mas Luís ignorou o apelo
papal, pois sua esposa morganática queria, porque queria, esse decreto real
nefasto, para o seu reino.
“Os huguenotes voltaram a ser
perseguidos, e com isso a maioria fugiu para o estrangeiro, causando grandes problemas
econômicos ao país, problemas esses que só vieram a ser resolvidos na época do Segundo
Império Napoleônico, no governo de Napoleão III, de 2 de dezembro de 1852 até 4
de setembro 1870, com o começo da forte industrialização na França”. "
Françoise d'Aubigné,
intitulada Marquesa de Maintenon, conhecida como Madame de Maintenon, esposa
morganático de Luís XIV, Rei da França e Navarra, por 31 anos, 10 meses e 24
dias, morreu no15 de abril de 1719, na Maison Royale de Saint-Louis, em Saint-Cyr,
amada por pouquíssimos e odiadas por muitos e muitos.
A História da Humanidade é prova
disso.
A vida de Françoise é a prova
viva daquele celebre ditado:
O pior feitor é aquele
que já foi escravo.
Cenas Brasileiras
Por Debret
Quem se beneficiou dessa
emigração dos huguenotes e seus capitais, sua força de trabalho, sua dedicação
a Sã Doutrina, foram os Países Baixos, a Holanda, e por via de consequência o
capitalista Estados Unidos da América do Norte.
terça-feira, 12 de maio de 2015
Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: Ecos das palavras do Velho Príncipe.
Além, No Mar Oceano - Aventuras Transcontinentais da Humanidade: Ecos das palavras do Velho Príncipe.: Judeu e protestante numa conversa ombro a ombro em frente a The East India House Reinier Vinkeles. Esse autor escreveu um...
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